domingo, 18 de maio de 2014

A aventura de um congresso de jogos - Parte 2 – mais informações desse escrevente

Após o pequeno problema de achar como chegar ao evento SeGAH, no dia seguinte o caminho já não foi um obstáculo. Ao final do dia anterior, descobrir como voltar para o Rio foi tranqüilo. Com um ônibus direto de Icaraí para Vila Isabel, sendo uma mão na roda, em 40 minutos já havia mudado de cidade. Ainda tirei um cochilo devido o transito um pouco carregado. Mesmo andando, estava meio lento mas não parado.

Na manhã de quinta feira, o Rio ainda amanhecia no estado de greve do dia anterior. Tava uma calmaria danada, sem ônibus mas o metrô... um caos de gente se amontoando. As barcas normais e Niterói um outro caos no transito, Deus me ajuda. Socorro! Assim que peguei o ônibus (a passagem estão realmente caras sem o Rio Card) cheguei rapidamente na UFF. A vantagem de ter me perdido ontem, foi justamente saber onde iria saltar pra não me perder de novo e, dessa forma, foi fácil chegar de volta ao evento.

Com algum tempo disponível pude fazer outras coisas e tirar as fotos do espaço foi divertido. Enquanto no primeiro dia conheci, uma moça chamada Roberta Matsunaga. Soube que ela iria apresentar o trabalho nesse segundo dia. Trocamos cartões. Justamente aquela manhã não seria tão interessante quanto o dia anterior e enfim deu vontade de ficar para ver a tal palestra. Assim que cheguei também reconheci um ex-professor meu de programação, André Brazil, e ficamos conversando bastante sobre os nossos trabalhos com jogos e sobre o evento. Como visitei o dia anterior a conversa rolou sobre assuntos coligados aos jogos e as palestras.

Foi então que elas começaram. Na primeira delas foi apresentado um Sistema de Monitoramento Ambulatorial para prevenção de acidentes em pacientes medicados que não podem se locomover normalmente e precisam de atenção constante. O sistema pode ser instalado na cama do paciente ou pelo quarto e em partes do corpo do paciente para serem monitorados sem causar desconforto aos enfermos. O projeto é bem útil e interessante para os países onde o atendimento médico é avançado e decente. Com algumas perguntas específicas respondidas o palestrante terminou a apresentação e passamos para a próxima.

A palestra seguinte foi sobre um aparelho de micro cirurgias que mais parecia uma pistola grande de brinquedo. De forma minimamente invasiva, o aparelho servia para alguns tipos de micro cirurgia. Vantagem recuperação mais rápida dos pacientes e com o mínimo de dores possíveis. O aparelho era montado como uma pistola que tinha vários tipos de movimentação de agulhas e no final o cirurgião tinha menos chances de errar o seu trabalho. Via laparoscopia o procedimento era minimamente invasivo também. Como forma de treinar os futuros cirurgiões, foi construído um jogo onde os estudantes usavam o aparelho em um simulador onde o processo cirúrgico era executado em ambiente virtual mais aproximado possível da realidade. Ao final ficou claro como uma nova forma de fazer cirurgias pode ser desenvolvida com o conhecimento e o uso apropriado de equipamentos para gerar soluções mais praticas. Mesmo que demore tempo para acontecer ou se apresentar resultados palpáveis, os testes de usabilidade foram fundamentais para a viabilidade dessas novas opções. Bem promissora.

A terceira palestra foi mais direta ao ponto. Como detectar a movimentação dos pacientes em tratamento quando os mesmo saem de suas camas e não podem. O tratamento causa certos problemas os mesmos precisam ficar quase 100% deitado. O método apresentado foi como se detectar a movimentação deles depois de longos períodos de sono. Como o paciente está em tratamento, parte de suas funções motoras não voltaram a estabilizar e se houver mudança de local, os mesmos podem ter problemas. A proposta era gerar dados para se estudar os estados de sono nos pacientes. Com esses dados gerar interfaces digitais e gráficos comparativos para sugerir ações médicas mais precisas a esses casos. Algumas perguntas foram feitas e fiquei curioso, como evitar o sonambulismo? Comentei com o professor que estava do meu lado e o palestrante não soube nos responder.

Houve o almoço, e de tarde haveriam apresentações de outras pessoas e um evento social no forte de Santa Cruz. De noite um banquete numa churrascaria e o final do segundo dia.

As apresentações de mestrado no segundo tempo do dia foram muito mais técnicas do que explicativas. A constatação foi que estava vendo um robô lá na frente, falando coisas escritas no projetor ou em um papel e ficou por isso mesmo. Poucas perguntas uma sensação de frieza bem característica dos povos perto da Rússia. Aquela distancia enorme entre um continente e outro enquanto tentava entender o que estavam apresentando.

O primeiro mestrado foi detectar as famílias no interior do Brasil onde o uso de plantas medicinais podem ajudar a tratar as doenças com esse recurso natural. A conclusão da palestrante foi usar dispositivos móveis com um aplicativo específico (no caso um jogo de celular) para ensinar essas famílias e comunidades a usar os dados dessas plantas fazendo um estudo de caso sobre educação de saúde, que minimizam impactos negativos de diferentes frentes auxiliando assim as políticas públicas de prevenção em doenças e outros.

O segundo mestrado foi apresentado pela palestrante que conheci no dia anterior. Ela demonstrou os problemas que a hemofilia causa nas pessoas, como é adquirida e que não existe cura. A proposta foi criar um jogo educativo onde as pessoas (com ou sem hemofilia) poderiam entender e interagir normalmente com os problemas dos hemofílicos, como contornar as situações de risco e como evitar que aconteça algum problema mais sério que possa causar a morte da pessoa (em caso extremo). Um Serious Game com intuito educativo e específico para a educação continuada das pessoas leigas em casos da saúde. Proposta bacana.

O terceiro mestrado foi de nutrição. Naturalmente, nutrição tem sua parte técnica muito voltada para gráficos e tabelas e complicados em como se ler essas informações. A proposta foi criar um jogo onde as pessoas poderiam escolher seu cardápio, verificar os níveis calóricos e de nutrientes presentes e mudar sua alimentação a partir da mudança dos hábitos de alimentação. O jogo propõe um trabalho de conscientização para melhoria da saúde populacional com uma proposta divertida sem perder o foco sério das pesquisas coligadas que o torna uma opção de educação e possibilidade de aplicar em aulas de ciências em escolas de todos os níveis educacionais. Grandiosa proposta porém de extrema necessidade.

Após essas palestras voltei para o Rio, me despedi dos conhecidos e fui trabalhar. Ao final do dia ficou aquela sensação de “Falar em inglês, com estrangeiros, sem praticar ou estando enferrujado é bem complicado.” Fica como experiência sempre mas o que cada um de nós comete de gafe que nem parece que sabemos a língua foi um pouco complicado. Sorte que os europeus entendem a dificuldade de saber línguas estrangeiras é comum. O problema é o estadounidense entender que ele não é dono do mundo. Povinho complicado. Amanhã tem mais no terceiro dia de palestras.

Thiago Sardenberg

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