sábado, 17 de maio de 2014

A aventura de um congresso de jogos - Parte 1 – chegar ao evento

Sempre que houver uma chance, mesmo que mínima, de participar de qualquer congresso vá e faça todo e qualquer esforço para se manter atento aos palestrantes e aos contatos do evento porém, antes de começar as palestras, precisamos chegar nele.

O primeiro dia de congresso foi exatamente no mesmo dia de uma greve de ônibus de 48 horas feita por parte da categoria na cidade. Só nisso já ocorreu um transtorno tremendo. Junte a isso, só ter a indicação de um mapa pequeno e simplificado, do local onde ele iria ocorrer. Sorte dos participantes que esse mesmo mapa estava bem desenvolvido e com as informações cruciais bem destacadas. Chegar lá então, não seria um problema.

Saí de casa, peguei o metro, andei até a estação das barcas, peguei a barca e pronto, estaria no evento mas não (tem sempre um porém no meio do caminho). Chegar a Niterói foi tranqüilo, estava no centro da cidade e bem em frente tinha uns pontos de ônibus e taxis. Minha melhor solução seria o Taxi e foi o que fiz. Chegar ao evento foi tranqüilo, realmente.

Assim que entrei na UFF, procurei pelo prédio onde estaria ocorrendo o tal SeGAH 2014. Para minha sorte (ou falta dela), não o achei. Perdi um certo tempo pois fique rodando o campus durante  alguns minutos. Enquanto a hora passava a abertura do evento estava para ocorrer. Não nervos porém centrado, voltei a saída por onde cheguei e perguntei aos seguranças onde era o prédio. A indicação funcionou, em termos. Continuei a andar pelo campus e nenhuma informação de direção ou nome do tal prédio.

Achei umas “placas” (papeis impressos) com setas indicando o local do evento. No meio do caminho (e talvez tenha sido esse o problema), havia uma obra. O caminho estava ali, havia uma passagem e estava indicado, mas nada de forma muito visível, o tal prédio. Depois de continuar perdido, preferi voltar ao inicio e procurar a tal seqüência de placas que havia por esse tal caminho. Após alguns minutos a mais, e seguindo certo as “placas”, achei o prédio.

Assim que encontrei a portaria a qual deveria ter encontrado mais facilmente quem me atendeu? Esteban Clua, o próprio organizador do evento. Adendo “sabe aquela sensação de felicidade inesperada que se realiza? Então tava quase assim.” Como já o tinha visto antes (e já conhecia o nome dele por outras conversas) fiquei feliz por ter falado com ele afinal, ele era o cara do evento. No final do 3° dia também bati um papo rápido com ele sobre mestrado e educação. Após as boas vindas, fui para o salão do evento. Logo depois chegaram outro professor da escola (onde trabalho) e meu chefe direto.

Só de tarde, depois do almoço, que houve a palestra de abertura do evento para desejar boas vindas aos participantes e os palestrantes que estavam na casa naquele horário.

Já passavam das 9 horas da manhã. A primeira palestra estava ocorrendo. Preferi escolher um local e ver o trabalho. Uma dupla da Dinamarca (Kingdom of the Netherlands) estava apresentando o trabalho deles, ao lado um Poster do Games for Health que havia ocorrido (em algum outro ano) e não indicava que haveria esse ano de novo. A dupla explicou como é a Dinamarca e como é a vida por lá. Os trabalhos que realizam, os investimentos que eles tem e as academias que fazem trabalhos diversos inclusive jogo.

Após essa palestra, descobri outras coisas importantes como o site desse “games for health” http://gamesforhealth.org/ , o site do Game Jam na Dinamarca http://www.gamesjam.nl/ , e o site europeu do Games for Health http://www.gamesforhealtheurope.org/ .

Com o final da apresentação umas perguntas básicas de como as equipes eram formadas:  antes ou durante o game Jam? E a resposta foi “parte da equipe vem montada de fora e outras pessoas foram incluídas durante o evento”. Legal saber disso. E a outra pergunta foi se a dupla conhecia o site http://compohub.net/ que agrupa muitos game jams pelo mundo. A moça, da dupla, indicou que sim conhecia e era bem útil.

A palestra seguinte foi mais divertida. Uma dupla de portugueses apresentou uma prototipagem rápida de bonecos no Blender onde ossos animados eram usados como referencias para se criar animações. Dessas animações qualquer objeto poderia se mover de maneira real no ambiente virtual. Bem bacana. O palestrante falou sobre como as filmagens de movimento das pessoas (no caso atores) e o processo de calibrar e arrumar o equipamento a cada 2 ou 3 minutos seguidos de trabalho. Muito cansativo mas o ator era bom.

A terceira palestra do dia mostrava um equipamento que detectava as ondas cerebrais e recebia essas informações (impulsos elétricos) via sinal Wi-Fi. O equipamento tinha uma bateria que concedia autonomia de algumas horas ao aparelho e que o processador central era uma unidade que fazia a transmissão dessa informações ao PC. A pessoa que estava apresentando o trabalho era um programador muito bom de Hardwere e que demonstrou quais foram os ajustes e alterações feitas durante o processo para adaptar a CPU às transmissões dessa ondas para os computadores. Com os problemas resolvidos a solução apresentada foi um jogo onde o usuário deveria “chutar” uma bola para um dos lados da tela afim de acertar o Gol no lado indicado pelo monitor. O jogo é simples mas usar apenas interface cerebral para esse controle foi bem bizarro e divertido. Pena que o usuário só acertava um dos lados.

Após o almoço voltamos para a palestra do dia. O cara do dia tem lá seu tempo de trabalho no mercado de Jogos.  Da mesma forma que Renato Degiovani é o Game Designer com maior tempo de atividades no Brasil, Ygor Meyer também já tem seu tempo de trabalho na área dos Serious Games. Para inicio de conversa não imaginava como o cara conhecia tanto depois foi que a palestra dele não mostrou trabalho e sim tentou desanuviar a definição de Serious Games e isso deixou a apresentação com outro aspecto. Menos técnico e mais de curiosidade, as idéias apresentadas foram bem relevantes. Com esse tempo de trabalho, o melhor de tudo, foi tentar entender como a Europa tem tratado o trabalho do Game Design de forma muito diferente do que é feito no Brasil. O ponto em comum, em uma conversa que tive com ele após a palestra, foi que nem todos os locais entendem ou estão preparados para investir nos processos de criação de jogos como um trabalho longo, constante e de melhorias eternas. Aqui no Brasil isso ocorre bastante e o caso é um pouco pior onde “as empresas querem tudo feito como Call of Duty do ano passado, em uma semana de trabalho, custando apenas 10% de um salário mínimo, para uma equipe de 10 pessoas no mínimo” tem cabimento? Outro ponto da conversa foi verificar que Design Thinking também é usado como ferramenta de trabalho e não uma metodologia fechada e pronta pra ser usada no dia-a-dia das empresas (essa conversa foi terminar com outra pessoa dois dias depois) o que é uma pena.

Depois dessas conversas bem bacanas, precisei voltar para o trabalho e dar aula aos meus alunos. Ao menos valeu, muitas conversas bacanas ocorreram. Muitas opções foram mostradas e conhecer um pouco mais do processo de criação de jogos foi melhor ainda.

Só mostra como o Design não existe só para se fazer coisas (boas ou ruins) ficarem “bonitinhas”, ele serve para muitas outras atividades e que o pensamento de design se torna cada vez mais relevante nos processos, progressos e linhas de trabalho adota pelas pessoas. Isso foi bom de se verificar e ficar constatado que não somos mero micreiros.

Descobrir universidades que estudam jogos com seriedade foi outro ponto bem curioso. O IPCA http://www.ipca.pt/ de Portugal foi um achado. O site oficial da SeGAH 2014 ainda está ativo para consulta http://www.ipca.pt/segah2014/.  O evento ainda teve a participação do IEEE http://www.ieee.org/index.html , da Microsoft, da Unity e da FCT Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal http://www.fct.pt/ como patrocinadores. E a busca continua para achar outras universidades que tenham a mesma busca, games como estudo.

Aos interessados em Games, Ciências e Tecnologias um conjunto de informação em um evento esclarecedor de onde estudar e com quem podemos estar na sala ao lado. Acredito que no ano que vem tenha mais. Em outra cidade de outro país.

Thiago Sardenberg

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