domingo, 30 de setembro de 2012

Qual a maior falta que os jogos têm sofrido?


Mesmo que hajam pesquisas internacionais sobre o tema e que indiquem a vontade dos jogadores em quererem algo novo (mecânica, historia, ou qualquer outro motivo) a indústria tradicional (a dos grandes estúdios e produtoras) esta se repetindo muito ao ponto de não haver mais diferenças entre os jogos, seus clones e suas propostas. O que não é ruim como um todo mas depois de duas gerações (2000 a 2012) com as mesmas franquias (sem ignorar as exceções), essa ação acaba se mostrando como uma verdadeira pegadinha pois explicita a decadência da fórmula que todos usam como sucesso e acabam cansando os jogadores, os expulsando dessas franquias e fazendo mercado minguar no fator “inovação”.

Traduzindo ao pé da letra, inovação significa novidade ou renovação. A palavra é derivada do termo latino innovatio, e se refere a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com os padrões já estabelecidos anteriormente.

As mega produções, de jogos, tem seus méritos e créditos mas depois de tanto tempo, só expandindo e não mais criando conteúdos novos (um exemplo é o tema zumbi que já está se mostrando batido) acaba refletindo o pior ponto de todos (na produção milionária de jogos): a falta de inovação ou dos fatores que mostram como o jogo pode ser diferente e divertido ao mesmo tempo.

Tradicionalmente, todo jogo deve divertir, desafiar e recompensar os seus participantes pelos obstáculos já passados. Sem eles, exemplo de um jogo de esporte ou uma competição de corrida (o que não deixa de ser um tipo de jogo) acabam perdendo seu fator mais relevante que é a vitória e o prêmio por ter conseguido superar todo o obstáculo.

Em um mercado tradicional, regado a inovações, como é o dos games, isso acaba sendo um tiro no pé. Explana como o caminho seguro é mais repetido do que o da inovação (o que era feito a 15 anos atras) propriamente dito e ficar no porto seguro só deixa a qualidade do produto uma duvida ao invés de retornar a expectativa que deveria originalmente.

Os produtores e jogos independentes chegaram para mudar a balança mas até eles estão correndo esse risco pelos excessos de lançamentos de baixa qualidade. Isso nos faz pensar sobre o que aconteceu no mercado no final da geração do Atari 2600 e gerou primeiro Boom do Games.

Independente de ser verdade ou não, aquela geração fez muitas coisas e poucas alterações de plataformas, mesmo com os concorrentes da época. Nas décadas seguintes, o mercado mudou, expandiu, melhorou e renovou suas propostas o que foi determinante para um novo boom de inovação que durou quase 15 anos.
No atual cenários, onde chegamos a quase 30 anos desse o reinício das plataformas (e com limites tecnológicos quase inexistentes) sobram poucas barreiras para as produtoras e criadores ultrapassar porque os processos melhoraram e os desafios de se criar também. Os jogos chegaram e passaram do nível de qualidade gráfica que o cinema sempre teve e o mesmo pega uma carona nesse mercado para explodir em vendas as suas novas franquias.

Outro fator importante são os dispositivos móveis que chegaram para ficar. Gerou nova forma de vender jogos e expandiu ano a ano com novas unidades no mercado. A internet melhorou e agregou valor de entretenimento diverso pois os jogos também se desenvolveram nesse subnicho de mercado e criaram as versões gratuitas para se jogar as grandes ideias de seus criadores. Isso não impediu a inovação ou a renovação do mercado e mostrou que com ele pode-se ter diversidade e variação sem medo de inovação num todo.

Mas voltamos ao mesmo patamar de antes: como o acesso é maior e mais pessoas podem consumir e produzir mais, cópias e mais cópias aparecem todos os dias em todos os cantos, o que repete o erro que a indústria cometeu três décadas atrás, onde a qualidade duvidosa se tornou vigente em um mercado que deveria respirar e transpirar, novidade e diversidade.

O que fazer então? Explorar ao máximo o que não foi tão usado? Expandir o acesso a todos os outros possíveis consumidores, não tradicionais, usufruir disso (o que também já foi feito)?
São tantas alternativas que só o simples ato de mostrar que existem muitas áreas não exploradas de produção enquanto outras são massacradas por novos produtos, já dá um sinal de alivio. O que sobra de pergunta é: por quanto tempo?

Só espero que não estejamos caminhando para o mesmo local outra vez pois o que sinto falta (tanto indie quanto mega produções) é a inovação simples e pura, com muita experimentação e não mais o sucesso puramente comercial. Entendemos que vivemos em um sistema capitalista, mas até ele tem passado por problemas generalizados.

Com tantos problemas ao mesmo tempo, só nos restam poucas alternativas e uma delas é repensar o todo na sua base e não mais, moldar o que já existe para ter uma cara nova e continuar em frente sem modificar nada em profundidade. Nossas próprias posturas precisam ser mais relevantes que nosso consumismo e isso é um ponto crucial para um novo futuro.


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