Apesar de todos os itens importantes do texto começarem com a letra “C”, aquele que levantar a pedra antes, pode acabar se queimando ou se adiantando a uma industria inteira. A algumas semanas o próprio Final Boss colocou algumas matérias sobre sites que distribuem conteúdo (game) feito pela comunidade. De uns anos pra cá temos visto o interesse de pequenas produtoras e de até pessoas sozinhas mas super interessadas e esforçadas para criar um conteúdo diferente do produzido pela grande industria dos jogos.
Sendo um formado em Design e trabalhando em publicidade, descobri um detalhe importante depois desses 15 anos de consumo e pesquisa de games. Por ter jogado muito (Atari, Master System, Super Nintendo, N64, DS, Wii, PC entre outras plataformas), hoje em dia estou muito mais interessado no processo produtivo e criativo dos jogos do que propriamente interessado em jogá-los, será que sou o único que penso assim? Por haver muita coisa repetida no mercado e por considerar que a grande produção precisa se voltar para o grande público será que isso é o certo e bem vindo aos jogadores de hoje?
Já consumi muita coisa legal e muita coisa porcaria também. Independente de terem sido feitas por grandes ou pequenas produtoras, com ou sem grandes orçamentos, todas elas são responsáveis pela atual industria de games e depois de tanto tempo (uns 30 anos dessa historia inteira) temos aqui uma fabrica que cresce, a cada ano, bilhões de dólares, recebe criticas ferrenhas dos consumidores fanáticos e principalmente dos entendidos do assunto e acabou virando uma válvula de escape para a economia do entretenimento, teimando em nos bombardear produtos duvidosos de maneira precoce (de consumo imediato) para os jogadores e em períodos de tempo cada vez menores (cobrando o mesmo valor por lançamento a cada nova semana de estréias no mercado) entre cada jogo novo lançado.
De maneira crescente, e a muito pouco tempo, a internet (na sua versão 2.0) tem colaborado com a melhoria e diversidade desse conteúdo (o que não é bom nem ruim) mas precisamos de ressalvas em diversos games publicados (dentro dela ou nas redes sociais) ou colocados a prova pelo público (como demos ou versões de pré lançamento para ajustes finais do código).
Com essas características todas, felizmente, também temos exemplos que fogem ao padrão estabelecido, foge dos Independentes e mesmo assim conseguem gerar retorno (tanto financeiro quanto qualitativo) par parte dos jogadores. Os mais expressivos (que me vem a mente) são Minecraft e Little Big Planet.
Suas respectivas produtoras (uma grande com aval da Sony e outra criada de maneira independente), fizeram o que poucos tentaram e em vez de criar algum conteúdo inédito, e de qualidade, criaram as ferramentas para a criação desses conteúdos inéditos (mesmo que muitos não tenham a qualidade que todos querem ou a quantidade de interessados como todas as grandes produtoras gostariam de ter em seus produtos todos os dias) pois arriscaram e criaram uma nova tendência de marcado.
Seguindo o exemplo de comunidade, temos os jogos das redes sociais que cativaram um público conectado e disperso, em apenas um local. Literalmente, expandindo o conceito do nome “Peixe Urbano” e aplicando-o na pratica pela alcunha da “Pescaria dos desavisados”. Resultado, “Nome do jogo + Ville” (ou qualquer coisa com uma simples semelhança) virou febre dentro e fora das redes sociais gerando fortunas e receitas, cada vez maiores, para as produtoras em novas vias de se fazer negócios mas, afinal de contas, o que o jogo e o jogador fazem afinal de contas?
Quem produz os jogos ou está insatisfeito com a industria e arriscou andar por um caminho diferente do tradicional ou está seguindo a tendência geral da maioria e vai arriscar onde muitos já estão, enquanto os jogadores (de maneira generalizada mas não para todos os seus indivíduos e grupos participantes) consomem cada vez mais entretenimento duvidoso mas que vende de qualquer maneira. Quem ficar com o dinheiro, no final das contas, é a vitoriosa e temos aí as fabricantes e não os consumidores. Com a consciência tranqüila de ter comprado algo bom e definitivo o consumidor pode, no final, sair num baita prejuízo porque não soube escolher ou compra algo que ele desejava.
O resultado disso, bom todos nós já sabemos, uma enorme invasão de produtos e mais produtos, por diversas vias, custando “X” de dinheiro, apenas por estarem ali, naquela prateleira ou serviço, para o consumidor ver e não se divertir.
Acaba sendo meio que uma conseqüência do YouTube Vs Metacafe. Dois grandes serviços de distribuição de vídeos na internet. Um deles tem além do lixo da rede um grande volume de usuários e visitantes enquanto o outro tem um conteúdo de qualidade disponível, no seu acervo, acessível para poucos usuários mas em constante melhoria por todos.
O mesmo tenho visto nos games a alguns anos. Quem cria algo novo e gera receita, um segundo vem e melhora o serviço proposto. Com algo superior gera um retorno financeiro maior ainda mas e se um terceiro serviço vier? Isso se torna tendência (alguém pensou no Steam VS Origin?) e é aí que mora o problema. Dessa proliferação de serviços cria-se os públicos de cada um e com eles criam-se os Ismos das “plataformas”. Por um lado é bom pois gera a melhoria de todos os serviços disponíveis constantemente mas por outro é muito ruim pois custa muito caro para o consumidor final. Para ele ter de tudo um pouco é pior ainda porque de onde virá tempo, paciência, e dinheiro para pagar por tudo e ao mesmo tempo?
É dessa forma que vejo que a produção está cada vez mais em jogo. Para quem for produzir é uma ótima parada mas vencer a concorrência é o cão chupando manga (desde quando cão chupa manga?). Ser distribuidor é uma boa também mas como convencer os novos e tradicionais produtores que você (novato) tem algo melhor sabendo que as grandes distribuidoras já fazem esse serviço a mais tempo e já tem sua logística e serviços e valores preparada para isso?
Temos assim a identificação de um novo e tremendamente grande problema para o futuro da produção de jogos pois o mercado e a distribuição desses novos conteúdos vão mudar muito. Serei sempre consumidor, serei sempre um critico, tentarei sempre ficar com as melhores escolhas mas para gerar esse retorno é preciso muito discernimento e muito mais “o não Ismo” que cerca essas facetas da industria do entretenimento. Quero conteúdo, mas quero conteúdo de qualidade e não qualquer porcaria que lançam por aí.
E então jogadores, prestem muita atenção, joguem sim, muito e de tudo um pouco mas nunca se esqueçam das sua preferências e redefinam elas o tempo todo. Se vocês querem só títulos AAA joguem todos eles. Se querem só FPS joguem de tudo o que lançarem mas não critiquem sem ter jogado outros tantos antes. É assim que se cria opinião consumindo de tudo um pouco ou muito mais que todos os outros juntos.
A crise cultural e de identidade que atinge o Japão, de uns tempos pra cá, poderá se espalhar e parar no restante do mundo e contaminar a industria com conseqüências diretas nos processos produtos e de identificação dos gostos particulares desses públicos. E nisso, aí sim, façam suas analises pois as apostas, para se mudar tudo, já começaram e nós, como consumidores, estamos no final desse processo. Eu, como muitos estão tentando e mostrando ser possível, quero é ser o fomentador dessas mudanças e não o coitado que vai apenas consumir isso como apenas mais um no milhão que as grandes produtoras querem nos consumo direto dos seus produtos (duvidosos ou não).
Até o próximo Post!
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