Obs: esse texto é grande porque existem muitas idéias, por isso se quiser ler, leia mas atenção.
De uns tempos pra cá, temos visto uma série de fatos interessantes sobre o mercado de jogos em geral. As DLCs, os conteúdos exclusivos, as iniciativas Indie e Mini (jogos via rede interna), o Steam começando a ganhar seus primeiros concorrentes pesados (como on game e o Origin da EA). Pois bem, dessa forma, não tão inovadora, como muitos acham, nós (consumidores de vídeo game) temos nos deparado com uma variedade enorme de conteúdo e com boas opções de conseguir novos ou velhos jogos, para saciar nossa mais enorme necessidade, o de entretenimento e cultura. Mas e o povo que não tem essa opção disponível, como fica para conseguir um jogo que ele quer tanto ou que faz o gosto e o gênero que ele aprecia mas não está disponível para a plataforma que ele tem?
O motivo desse post é um bem diferente dos padrões da atual industria, a pirataria é sim, uma coisa muito ruim mas vamos pontuar outros detalhes que ela também causou ao atual mercado de jogos.
Quando os CDs invadiram o mercado, essa era a revolução dos videogames e da maneira de se entreter. Com ela, vieram os jogos pirateados mais rapidamente (para quem conhece o processo de copia, sabe que copiar um cd ou DVD é bem mais rapido e tranquilo do que um cartucho) e com essas copias, vieram as enormes vendas (ilegais) das franquias que temos consolidadas hoje em dia. O que seria de Final Fantasy, Chroco Cross, Splinter Cell entre tantos outros nas gerações passadas e se Shenmue 1 e 2, Soul Calibur e Sonic Adventure (original) sem os beneficícios dessas ações, teriam a fama que tem?
O (velho e batido) argumento da industria (sabido por todas as classes de jogadores no mundo) é que "a pirataria não faz a verdadeira compensação monetária esperado pelas produtora dos jogos por esses trabalhos e que os mesmos custam caro para chegar ao mercado!" e por isso ela (a industrial) acha que a pirataria não vale e que é preciso parar de consumir produtos "semi oficiais" aos originais de fabrica. Outra reação da industria foi a criação de um código base para cada unidade de cada jogo vendido em loja para os jogadores, caso eles vendessem esse jogo usado, o futuro comprador teria que repagar por essa "chave" para conseguir usar o tão esperado produto, evitando, de tabela, o comercio (legal) de produtos usados nas grandes lojas em diversos países ao redor do mundo.
Eu coloque aqui, os produtos piratas, como semi oficiais porque a diferença entre o pirata e o oficial é atualmente apenas uma, e muito simples, interação na rede. Quem não gosta de jogar online (como recurso extra feito pelas produtoras) sabe que não é preciso ter o jogo oficial para jogá-lo inteiro. O oficial vem com caixinha bacana e bonita (poucas vezes mas vem), manual, nota fiscal (impostos absurdos) e diversos outros detalhes mas e o pirata tem o que? Exatamente o mesmo conteúdo do original e muitas vezes em mídias melhores que as adotadas oficialmente pelas produtoras desses vídeo games. Então como fazer para evitar a tão mal falada pirataria?
Verdade seja dita: é revoltante ver um jogo exclusivo de uma produtora para uma plataforma dela, sendo jogado (com todos os recursos) numa plataforma concorrente. Eu realmente já vi isso. Em uns 3 anos de game cube, vi o jogo Zelda Wind Waker em caixa igual a do original para Play 2, numa barraquinha aqui do lado da minha casa. Isso foi realmente uma dor no coração por ver um jogo que eu comprei original aparecer, com a pirataria descarada de um item exclusivo, no console da concorrente. O que me deixou mais Pau da vida foi o preço que a mesma barraca cobrava daquela caixa, 10 pratas e só. Da mesma forma que já vi emuladores de N64 rodando no PSP de alguns conhecidos e os mesmo reclamavam das plataformas da Nintendo e de seus jogos infantis mas no final estavam jogando um jogo dela (no caso Mario kart 64) no console da concorrente com uma enorme felicidade estampada no rosto falando "isso foi bom", esse argumento tem alguma lógica?
Foi assim que descobri, meio que na pratica, que a pirataria tem lá suas vantagens e desvantagens. Com o atual PSP e DS, os jogos ficaram mais simples e fáceis de serem consumidos pois com as plataformas moveis com capacidade e qualidade técnica, que fariam a diferença para seus públicos, tinham nas suas mídias padrões uma quantidade absurda de espaço (para suprir a demanda das produtoras e da pirataria) enquanto nas caseiras, o bom e velho jargão de "só 5 contos" ainda impera. Enquanto que com ela nossos cases de CDs e DVDs ficam abarrotados de jogos e mais jogos sem ao menos conseguirmos terminar um deles sequer ainda queremos mais e mais jogos para ter na coleção. Independente de ser Case ou Cartão de Memória com Gigas e mais Gigas de espaço, é verdade que temos muitos jogos e com eles ocupando apenas um ou dois cartões de memória também são apenas uns poucos exemplos que temos 100% completos nas nossas mega gametecas particulares.
Vejamos outro exemplo. Quando o jogo Uru chegou ao mercado, a originalidade do título era a interação online dos jogadores. Gostei do jogo na hora e descobri a serie Myst. Realmente uma idéia bacana apesar de já estar bem velhinho e com os servidores dele desligados, a pirataria (junto de um torrent bem definido) me ajudou a conseguir esse jogo e pude aproveitá-lo um pouco como um jogo deve fazer, divertir e dar entretenimento desenfreado, independente do horário, do local ou da maneira que ele foi adquirido. Ele tem que ser acessível a qualquer pessoa e quando tive a oportunidade de comprá-lo o mesmo não estava mais em lojas. Ou seja, na pratica, a produtora do jogo, não soube (até agora), que o consumi e gostei do Uru mas ela tem um fã da série graças a uma ação de uma determinada pessoa (que não sei quem foi) que me disponibilizou o arquivo de um jogo velho e essa acaba de receber um elogio bem inesperado fora de época (para qualquer pessoa ou produtora) e no final das contas acabei não terminando de jogar a aventura mas gostei e indico e a pirataria fica aonde? Ela ajudou a produtora a ter mais um fã e um influenciador da série e isso não é uma ação boa para qualquer uma a qualquer momento?
Foi por aí que comecei a ver a pirataria não mais como um problemão para a indústria mas uma forma de como adquirir jogos bons e ou antigos (e fora do mercado) sem precisar gastar fortunas em horas e horas de pesquisa nas lojas internacionais de vídeo game (e sem a preocupação de ter ou não a entrega realizada no Brasil) para que o mesmo jogo possa ser aproveitado por mais alguns grupos de jogadores e fãs.
Por isso acredito que a atual pirataria prejudica sim, muitas produtoras de vídeo games e muitos outros produtos disponíveis no mercado mas sem ela e alguns (muitos) fatos curiosos e bem específicos não existiriam um "final feliz" para o futuro daquelas produtoras. Só porque adquiri um produto antigo ou bom (por qualquer meio) não significa que concorde com os preços (abusivos) cobrados por elas, tanto nos jogos oficiais físicos ou online e nos DLCs das redes de cada plataforma. Preferira e levanto a bandeira de “receber os conteúdos extras de graça como benefício e não uma obrigatoriedade de continuar minha jogatina como meus amigos só porque saiu um novo pacote em uma nova atualização obrigatória (e paga) para continuar a minha diversão".
Bom, de qualquer forma, estava tentando colocar um ponto positivo para cada lado dessa balança bem desleal e muitas vezes solução para o crescimento (indireto) do mercado oficial.
Rio de Janeiro
Thiago C. Sardenberg
Thiago C. Sardenberg
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