A Microsoft fez a pergunta: porquê os desenvolvedores de jogos não estão olhando/escolhendo a plataforma do Xbox para lançarem seus produtos?
Na prática, o que essa pesquisa quer/gostaria de saber? Indo além dela, a real análise desta pesquisa será apresentada no decorrer do texto e nas explanações que ele apresenta. Como também sei que a MS não vai ler essa análise, de um mero acadêmico / consumidor de brazuka de jogos, a irrelevância da pesquisa se torna evidente pois não atinge uma parte relevante do público consumidor do XBOX, o chamado público internacional.
O que realmente interessa, no final, depois de 30 anos de leitura sobre mercado e consumo de jogos, para garantir que ganhar espaço num mercado de poucos participantes, e construir uma maior penetração no consumo na população, o básico é ter uma biblioteca variada de jogos família e de apelo popular, seria um dos caminhos, o outro é seu preço e acesso. Mas isso eles sabem só não está virando realidade. Para facilitar que qualquer consumidor coloque na mente o valor que um console tem e como é relevante ter um console, no caso um Xbox, em casa, isso nunca é perguntado mas, de novo, não é o foco da pesquisa da MS nesse momento.
Para não sair construindo uma análise sobre um disse que me disse de outros sites, segue, abaixo, o texto replicado, em parte, pela mídia brasileira sobre o assunto.
A Microsoft anunciou a expansão de sua divisão de pesquisa Xbox Research, abrindo-a para todos os membros dos estúdios de jogos, como forma de conversar com os desenvolvedores para a "ajudar a resolver problemas" e melhorar ferramentas e serviços futuros.
Além de interagir com estúdios que já fazem jogos para Xbox, a Microsoft também quer obter feedback dos estúdios que não lançam jogos nas suas plataformas.
“Se você está fazendo games, estamos interessado em ouvi-lo. Se você não está no Xbox, adoraríamos saber porquê”, disse a pesquisadora de usuários, Dra. Deborah Hendersen. “E, honestamente, se você usa os produtos da concorrência, provavelmente tem uma ótima perspectiva com a qual poderíamos aprender!”
Ainda de acordo com o que foi dito por Hendersen, a iniciativa empregará uma variedade de metodologias de pesquisa, espelhando aquelas usadas em estudos focados em jogadores, mas adaptadas para desenvolvedores, incluindo "entrevistas, usabilidade, testes de jogo, pesquisas e anúncios publicitários de produtos".
Os desenvolvedores que encontram-se nos Estados Unidos podem acessar este link para participar do Xbox Research, com a Microsoft dizendo estar trabalhando para expandir o recrutamento para mais países.
O texto termina de forma direta e a matéria original, neste caso, publicada pelo portal Terra, e fica por isso mesmo.
É importante ressaltar que a MS fez a pesquisa para entender o contexto externo a sua marca e influência. Logo, é relevante saber o que as produtoras pensam sobre o que ela, a MS, está fazendo. Continuando sobre seus interesses, no conjunto de perguntas definidas na pesquisa, também existem questões sobre as concorrentes dela como Nintendo e Sony, aparelhos mobile, jogos nos PCs, incluindo Apple, e por mais curioso que possa parecer, o Steam Deck não apareceu como opção de respostas apesar de hoje, outubro de 2024, já ter uma base instalada relativamente grande. Números não oficiais dos buscadores indicam que o Deck já passou de 4 milhões de unidades vendidas e isso não é pouca coisa mas para quem vende em 9 anos 140 milhões de unidades, como a Nintendo fez com o Switch, sim, tempo de vida e base instalada, precisam ter progressividade constante e para isso, é preciso inovação, dentro dos produtos, constantemente.
Chegar ao site da pesquisa não foi complicado e para participar dela é preciso indicar que mora nos EUA a partir de um CEP de alguma região. Como estou pouco me importando para isso, busquei um CEP qualquer, coloquei e continuei a pesquisa. Além de ler as perguntas disponibilizadas, e responder a todas elas como se fosse um Estadunidense, foi capcioso de minha parte, neste ponto, saber o que a MS pergunta, pois é pura curiosidade. O detalhe crucial de como as pessoas veem a MS, é onde realmente começam as problemáticas que ela tem pois direcionou parte das perguntas aos públicos internos de seu país de origem e em relação a comunidade LGBTQIA+ o que, neste caso, não há muita relevância. Por estarmos falando de uma pesquisa sobre a marca XBOX, e não sobre o Windows, qual a importância da comunidade LGBTQIA+ quando usuários de consoles e PCs é o mais amplo possível?
Não estou desmerecendo a comunidade LGBTQIA+. Ela é tão importante quanto todas as outras e sua capacidade e diversidade de produtos consumidos muitas vezes supera as do público em geral. Estou apenas criticando, o por que do direcionamento de algumas perguntas pois deixa em dúvida os reais objetivos da própria pesquisa. Quando se inclui essas informações, nos questionários, no mínimo, a MS não sabem quem usa/consome seus consoles mas, volto a apontar: duvido que ela não saiba quem consome seus produtos. Sistemas e produtos online, pedindo informações básicas de acesso aos serviços online e jogatinas, é estranho não saber quem é o público dela no final.
Outro ponto importante é em relação a produção de jogos pelos estúdios internos. Analisando em minúcias, nessa pesquisa não existem perguntas sobre o que os estúdios first party estão fazendo e entregando. A percepção externa sobre a produção, foi literalmente ignorada nas questões, mas isso faz sentido porque, a pesquisa foi clara no encaminhamento: era para as pessoas, em diferentes estúdios, responderem as perguntas. Porém, não ter um retorno – feedback – sobre sua própria produção, poucos meses após uma série de estúdios, com bons produtos e boas vendas, terem sido fechados e seus funcionários demitidos, uma gigantesca empresa querer saber de outros estúdios como ela, a MS, ‘está’ é um tanto controverso.
Continuando a análise, também não percebi qualquer pergunta sobre os tipos de jogos, gêneros, e produtos exclusivos da marca, disponibilizadas para seus consumidores. Console possante, sem exclusivo, perde relevância para o público, pois deixa de ser apelativo e competitivo. Diversidade, pelo recorte LGBTQIA+ é de extrema importância, e isso precisa ser refletido nas franquias exclusivas da plataforma. Hi-Fi Rush, Sea of Thieves, Grounded e Pentiment, como ex exclusivos, saindo para outras plataformas pode até ser bom para as finanças da MS e para cativar o público com jogos diferentes do que estão sendo apresentados, mas sacrificar exclusividade para aumentar vendas em outras plataformas? Não vejo como sendo saudável para manutenção de exclusivos. Como então a Nintendo consegue sobreviver neste mesmo mercado com tão menos capital e diversidade de produtos que a MS mas com uma infinidade de franquias que vendem bem sendo exclusivas? Eu acredito que a MS está errando tanto na pesquisa quanto na produção de seus jogos, mas essa é só uma ideia que a leitura das perguntas causaram e deixo no texto, e nada além disso.
Outro ponto percebido foi a não existência de perguntas sobre os estúdios internos e franquias que eles têm. Como poderiam ser usadas essas franquias para aumentar o consumo delas e o valor agregado que o Xbox pode levar aos consumidores? Se as perguntas do questionário foram direcionada aos produtores, internamente a MS também precisa saber, via diferentes caminhos, como suas propriedades intelectuais, em voga ou na gaveta, estão sendo lembradas pelo público e pelas produtoras. Por existirem diversos jogos parados, literalmente no Limbo, que podem/devem receber novas incursões, isso é fato e o público vai responder a elas pois a quantidade de produtos específicos nelas não é tão vasto quanto pode ser mas se não criarem incursões novas, de franquias já existentes, porque perguntar sobre como a MS é vista se nem internamente ela garante vida longa ao seu próprio repertório? Diversidade e variedade é fundamental mas renovação de produtos e favorecimento de personagens / produtos antigos para novos públicos, com novas incursões, é o que tem faltado a MS e a própria Sony.
E por último, associações. A que tipo de produtos a marca XBOX está sendo associada? Provavelmente eles irão expandir e melhorar a pesquisa com o tempo e que sejam rápidos nas respostas de aumento de desejo de consumo porque console sem jogo exclusivo, pra gerar compras, não é console, é encosto de livros modernoso e caro.
Com as mudanças recentes que o Game Pass recebeu, tanto no Console quanto no PC, e limitou o acesso a determinados produtos no Day 1 de lançamento, é mais um curioso caso nessa lista de perguntas do questionário pois não reflete a percepção que o público tem sobre ela. Apesar de Phil Spencer ter razões de sobra para afirmar que ele administra uma empresa e que ela, acima de tudo precisa dar lucros, isso significa que cortar custos também faz parte das atribuições de ser CHEFE! E essa é uma das atribuições ele deixa claro não gostar de realizar: demissões. Então, voltar ao ponto, onde se questionar “o que estão fazendo internamente com as franquias adormecidas?” e “Como é possível melhorar a visão do público em relação a MS, na hora de produzir novos jogos quando existem tantas franquias dormindo?” fazem mais coerência em relação a sobrevivência dela como produtora de jogos do que de simples distribuidora.
Deixo claro: não estou lá dentro para fazer tais afirmações. Elas são apenas devaneios e especulações externas a realidade deles pela constante leitura e análises que a mídia especializada traz diariamente. Mas como consumidor de longa data de jogos sim, o público, precisa ser ouvido. Tanto em sua amplitude quanto nas linguagens usadas para expressar seus desejos e carinho por determinada franquia ou personagem. O que o público quer jogar? Quais personagens querem ver com maior frequência? Hoje, a MS, tem capacidade de sobra para usar os personagens de suas franquias em qualquer novo jogo. Começando a extrapolar outros gêneros para testar o público e o consumo de novos produtos. Sem isso ela estará perdendo oportunidades claras de criar novas obras e expandir seu catálogo sem precisar de novos estúdios. As franquias estão aí para isso. Façam coisas ousadas para saber se foi bom ou ruim.
Como também sei que eles não irão ler esse texto, pois, o blog é pequeno demais pra gerar algum retorno convincente a uma gigante como a MS, o que me parece evidente é que lá dentro falta algum gestor de jogos, tipo alguém que irá parar e jogar os produtos regularmente, bem antes do lançamento, para ver as propostas que têm futuro ou não. E esse profissional pode conseguir ir além dessa análise básica e poderá opinar de forma taxativa para direcionar se esses jogos precisam ser reiniciados, cancelados ou continuados. Sim, isso está fazendo falta. A mesma falta que a Sony sentiu logo depois que quando lançou Concord e em 12 dias vou uma promessa virar um ralo sugador de recursos que terminou com os servidores de um jogo serviço, que demorou 8 anos pra ser apresentado. Mesmo a Sony tendo tanta experiência de mercado, produção e venda como ela tem.
Por mim, sem relação com a nostalgia nem nada parecido com isso, me parece que está faltando as grandes e pequenas produtoras, realizar o trabalho de base. Jogos simples, de curto tempo de produção e duração, focados no objetivo de apresentar uma série de personagens e histórias diferentes. Cheios de clichês e coisas já estabelecidas, mas regadas a diferentes mecânicas pra juntar todos esses personagens nos jogos como serviço afim de apresentar a sopa de letrinhas que podem virar juntas e ser divertido como um Fall Guys ou Fortnite estão fazendo.
Como surgiu Smash Bros? Como surgiu Mario Kart? São subprodutos de jogos originais simples e focados no entretenimento. Smash Bros conseguiu se sair bem e expandir seu produto base com uma série de DLCs que o público adorou pela diversidade entregue não somente variedade dentro de um contexto definido.
Se em 8 anos com mais ou menos 5 jogos de 5 personagens diferentes, para atingir diferentes públicos, é possível construir uma base consistente em mecânica e história decentes, sim, isso pode salvar a criação das novas franquias mas é preciso arriscar de um lado, ser ousado, e limitar do outro, sem ser megalomaníaco exageradamente grande e inviável. As memórias de um público fiel em querer jogar coisas novas daqueles personagens que eles guardam com carinho é um dos segredos dessa indústria mas parece que os grandes estúdios não entenderam isso ainda.
Se a Sony foi capaz de perder 400 milhões de dólares num produto da qualidade que foi Concord, a MS pode perder Trilhões de dólares em produtos ruins que mesmo assim vai se sair melhor que a Sony porém a Sony, quem diria, tem mais franquias memoráveis do que a MS tem. E quando se fala de franquias memoráveis nos jogos fora tiro, porrada e bomba? Essa é a MS. Esse é o ponto que a pesquisa, tema original dessa postagem, deveria se preocupar. Memórias e não, somente, acessibilidade como eles induziram no final.
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