quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Um pouco de história 1: Homo Ludens: livro sobre as regras dos jogos...

Para o historiador holandês Johan Huizinga, todos os jogos partem de um conjunto de princípios comuns que levam as pessoas (participantes) a executar estas atividades. De forma prática e rápida o autor restringe todas as atividades relacionadas, direta e indiretamente aos jogos, aos seguintes fatores:



1) Definição dos Participantes: Jogador e Adversário;
2) É preciso ter Interatividade;
3) Ter regras (simples e claras para a execução ser mais fácil);
4) Ter um objetivo (como deve ocorrer, quem faz o que, juíz, entre outros);
5) Ter tempo definido de atuação (se não houver tempo perde-se os limites);
6) Condicionais de: vitória, empate e derrota (fatores de competitividade);
7) Espaço físico restrito e definido (outro fator de limitação da atividade);
8) Ser uma forma de entretenimento (não ocupar o horário das atividades comuns);
9) Ser espontâneo e com possibilidade término a qualquer momento (condicional mór);
10) Não pode ter objetivos financeiros definidos (se torna atividade fim e remunerada).

Dentro dessas condicionais de ‘existência’ das atividades ditas como jogos, ainda existe um outro fator importante para se levar em conta: o termo Ludens.

Ludens = Lúdico = Divertido OU Educativo

Ludens, ao se traduzir, significa lúdico. O termo lúdico tem duplo significado podendo chegar em duas possibilidades: o lúdico educativo, que leva ao ensino de conhecimentos específicos das escolas em geral; e o lúdico como sendo algo divertido, que leva ao entretenimento e ao gozo do lazer.

Quem define que Lazer é necessário para o ser humano é o filósofo italiano Domenico de Masi autor do livro O Ócio Criativo indica que as rotinas de estudo e trabalho são de extremo estresse e que os horários de fins de semana para descanso e relaxamento, sem esquecer as férias anuais, são o principal artifício criado para ‘recarregar’ as energias semanais dos trabalhadores pois sem o gozo do lazer e do descanso os mesmo serão ‘massacrados’ pelas rotinas semanais da vida e com isso as férias, feriados e fins de semana, são necessários para que o rendimento do trabalhador, nas suas atividades laborais, sejam realizadas de acordo com expectativa das empresas e patrões. Dentro dessa definição, também é possível colocar as atividades lúdicas, de origem no entretenimento, como uma forma de lazer e descanso, para a sociedade em geral.

Toda atividade lúdica precisa passar pelos princípios de ensinar alguma coisa a alguém ou a alguns. Pela pedagogia, não existe nada mais importante, para uma criança, do que brincar. Se uma atividade é divertida e tem o fator diversão como norte o acúmulo de qualquer conhecimento, dentro ou fora da pedagogia e das atividades de jogos, se torna um ato lúdico, tanto ‘educativamente’ quanto ‘divertidamente’.

Jogos e Games

O que pode ser divertido para algumas pessoas para outras essa ‘definição’ deverá ser ignorada. Em geral, os jogos tem seus públicos definidos de forma genérica, ou seja, se gosta ou não, e se participa ou não de forma constante ou esporádica aquela atividade. Vídeo games estão na 2ª possibilidade, é divertido para alguns e uma atividade maçante para outros. Leva ao lazer e ao entretenimento como as atividades esportivas e, entretanto, tanto os ‘games’ quanto os esportes, hoje, esbarram na 10ª condicional das regras de Huizinga que também define que os jogos não devem levar a uma atividade remunerada pois perde-se o pressuposto de ser interrompida a qualquer momento.

Na prática, o treino para se aperfeiçoar tanto a técnica dos indivíduos quanto o entrosamento das equipes é uma atividade repetitiva e necessária para que os praticantes tenham condições se testar e colocar a prova aquele treinamento. Olimpíadas, copa do mundo, mundias, mundialitos, regionais, são ‘eventos’ com tempo específico para ocorrer porém não podem ser interrompidos a qualquer momento pois valem prêmios e é a atividade remunerada de certas pessoas (muitas delas). Levar a caraterística de ser uma atividade remunerada o que se auto denomina emprego, é um contra senso quando se define que essas atividades podem/devem ser interrompidas a qualquer momento.

Competições VS Atividades

Um outro fator que também é levantado é o fator da competição. Ao final de um processo educativo, é preciso testar, qualificar e classificar os participantes, no caso os sujeitos educandos. No decorrer de um campeonato, é preciso classificar os participantes, no caso os praticantes e/ou seus times. Nos dois casos usa-se um numerador geral impositivo, quem fizer mais pontos, quem fizer em menos tempo, que errar menos, isso é impositivo pelos organizadores daquela competição a partir das regras gerais da execução daquela atividade (fatores de término, vitória e derrota dos participantes é definido por Huizinga).

A partir do momento em que a atuação de todos recebe uma ‘nota’ para validar o sucesso do ‘bom comportamento’ de seus participantes e independente de qual caso se faça uma análise, a competição, naturalmente, irá existir esses ‘limitadores’ porque sempre se imaginará alcançar o topo de algum processo mas quem avalia? Por quanto tempo? Porque se avalia?

A entrada dos ‘juízes’ nas regras gerais auxilia a validação do sucesso, do empate ou do insucesso dos participantes. Professores, não deixam de ser juízes com relação aos seus educandos. Juízes não deixam de ser pessoas que podem errar. Ambos os lados, os 3 lados (mandante, visitante e juíz) podem cometer erros ou excessos. As regras não existem atoa. Elas não são um livro de enfeite de cabeceiras que ninguém lê. Quem as cumpre pode ganhar o prêmio. Quem as burla pode perder os prêmios. Quem as ‘protege’ as valida.

Quando colocamos os jogos eletrônicos, games, em cena, quem valida os jogos são os consumidores, os jogadores, pois consomem mais e mais desses ‘conjuntos de regras’ por um determino tempo, até que um novo participante ou componente diferente chegue pra ocupar esse espaço ocupado por aquela atividade. Os jogadores podem ter de 4 até 120 anos. Com múltiplos interesses e gostos e tempo disponível bastante variado e elástico, o que tornam esses fatores muito particulares. 

Um pouco da História dos jogos

Como nos últimos 40 anos a indústria dos jogos se modernizou, diversificou, especializou, encareceu e explodiu de diversidade enquanto algo bem peculiar ocorria. A repetição de fórmulas ditas consagradas surgiram e foram se redefinindo. Os gêneros de: plataforma, corrida, esporte, guerra, estratégia, simuladores, administrador, mundo aberto, calabouços, quebra-cabeças; se tornaram um enorme problema mas foi dentro dele mesmo que a solução também foi percebida. 

Ao se misturar conteúdos e elementos dentro de si mesmos, novas opções apareceram e deram novo fôlego ao processo mas, e de novo, a renovação não ocorre na velocidade que esses fatores se repetem gerando uma massificação do uso. 

Resultado disso tudo é: a indústria de jogos pede pela evolução das plataformas. A cada 6 ou 7 anos mas muitas vezes é para justificar e implementar novas e caras tecnologias que antes não eram possíveis ao invés de levar a uma revolução consistente e desejável pelo público que as consome. Até certo ponto essa evolução é bem vinda por outro lado se torna restritiva e pouco acessíveis. No Brasil então, mais complicada ainda.

O grande desafio de todo esse processo de manutenção do entretenimento nos games, e de forma bem abrangente, vai ser como manter o interesso do público em continuar a consumir mais coisas dela mesma, novas e não conhecidas ou velhas e consagradas franquias, sem prejudicar o processo produtivo e de reciclagem das formulas já usadas e reconhecidas facilmente pelos consumidores.

Por enquanto é para se esperar para ver onde iremos e tenho lá minhas dúvidas se isso vai mudar muito, como ocorreu na virada das geração 16bits para 32 bits, onde mesmo nos primórdios os gráficos 3D foram implementados, ou se foi só uma evolução gráfica significativa como foi Xbox One X vs PS4 Pró, só pra mostrar uns gráficos com qualidade alta para os poucos consumidores que podem pagar por um ecrã compatível com tal experiência.

Até o próximo texto.

Ass.: Thiago Sardenberg.

OBS: Por favor, se fizer copia desse texto, ensaio, em qualquer mídia disponível, no momento da cópia, fazer as devidas referências a este blog. Grato.

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