Mesmo sendo um jogo linear a aventura é bacana. A narrativa é ótima e a dublagem (mesmo num jogo de 2006, início do PS3 e com gráficos que mais parecem uma melhoria técnica bolada de um jogo de PS2) valem as horas gastas devido seu intenso tiroteio e, apesar de pouco diversificado, cenários bem característicos, da Inglaterra, na década de 1950.
O ponto fraco do jogo é que na época não tinha sido implementado os troféus no sistema do PS3 (o que teoricamente poderiam ser implementados via atualização mas que não foi feita). Ao menos vale pela história e que quiser um jogo multiplayer cooperativo ou competitivo tem a disposição algo divertido.
Gênero do jogo
A franquia Resistance é composta por 3 jogos. Além de todos eles terem sido lançados durante a vida útil do PS3, é um FPS (tiro em 1ª pessoa). Gênero famoso e popular por sua rapidez de aprendizagem e facilidade de acesso.
Geralmente os FPS são divididos por fases fixas e rápidas, com caminhos definidos onde intensos tiroteios ocorrem e o jogador precisa evitar confronto direto com oponentes que lançam balas e mais balas indiscriminadamente contra ele. Aos desavisados, morre-se fácil dependendo da fase. Entre cada fase ocorrem algumas animações de contexto. A narrativa da história que é inserida aos jogadores, aos poucos, para entenderem a trama, as motivações e objetivos do jogo, vem em doses homeopáticas e constantes.
Dependendo do jogo de FPS as fases deixam de ser lineares e passam ser arenas (de diversos tamanhos) onde o domínio do espaço é a regra ou mata-mata desenfreado ocorre entre personagens controlados pela IA do jogo e/ou outros jogadores (podendo ser em rede também).
Composto por 12 grandes cenários, alguns divididos em 2 outros em 3 partes, é um jogo rápido, com pontos de salvamento específicos e a possibilidade de voltar algumas salas, se precisar, em algum momento para recuperar balas ou HP. Ajuda bastante, dependendo da cidade que se passa mas não é uma regra de ouro. Para sobreviver, muita calma e precisão dos tiros, são seus maiores aliados.
História do jogo
Um vírus, que saiu do controle humano nos anos 30 se tornou uma ameaça e a Rússia, em 1938 fechou suas fronteiras para conter os problemas. Devido ao frio do norte, ficou contido no seu território por muitas décadas mas teve seu aparecimento relatado anos depois. Nessa realidade utópica a 2ª guerra não ocorreu pois não é relatado nenhum acontecimento referente a ela.
O vírus Quimeriano, que saiu do controle em poucos anos, devastou a Europa. Em 1949 países inteiros já haviam sido dizimados mesmo que ela tenha tentado conter os invasores. Na ofensiva ao território inglês eles perderam em cerca de 3 meses. Para barganhar ajuda dos Americanos, os Ingleses iriam ceder os conhecimento militares que desenvolveram por 20 anos e perdessem a batalha contra os “possuídos” pelos vírus virasse uma realidade.
O jogo começa julho de 1951 e durante uma serie de ações de resistência (por isso o nome do jogo) do exercito Britânico, junto aos Americanos, para impedir o domínio de seu território pelos inimigos, os Quimeras. o jogador irá passar por diversos locais conhecidos do país.
Os monstros que devastaram a Europa continental conseguiram não só invadir e dizimar outros países como também tinham tecnologia mais avançada do que os britânicos. Entretanto, durante o jogo, o fato de os Quimeras terem uma tecnologia mais avançada não é devidamente explicado. A única menção importante dita, durante a história, é que os inimigos haviam escavado parte de suas fortalezas das profundezas do país e que elas não foram colocadas naqueles locais por entrega ou montagem.
A função do jogador? Seguir uma série de missões sequenciais em cidades diferentes para evitar os ataques dos Quimeras. Uma série de ações certeiras dentro da Inglaterra para assegurar algumas posições que haviam sido perdidas, meses antes daquelas ofensivas, foram organizadas. Tentar conter a escalada da invasão dos inimigos em território inglês, recuperar suas posições, e destruir algumas bases dos inimigos é o escopo.
Organização do jogo
O jogo é dividido em fases lineares (mais parecidas com corredores). A cada determinado numero de salas passadas um ponto de salvamento ocorre. Esse save state proposital acontece para facilitar a vida do jogador e ajuda-o a não recomeçar o nível desde o início.
A parte bacana do jogo é que cada fase é uma cidade diferente e em cada fase ocorrem novas divisões internas para facilitar o jogador a entender o que fazer naquele novo mapa. Ao final da fase, ou próximo a esse final, geralmente, em um chefe grande e chato de ser vencido (algo bem típico dos jogos 2D de plataforma) a fase termina. Com o chefe da fase derrotado a narrativa continua relatando os fatos da história do jogo e novas animações ocorrem nas cenas entre fases.
A mecânica básica é de um FPS comum e genérico porém existem fases com o controle de veículos, sejam eles tanques, carros com metralhadoras ou as aranhas mecânicas que ficam disponíveis em determinados momentos. Nenhum quebra cabeça é encontrado durante a aventura e as outras mecânicas presentes são: pular, coletar papeis com informações extras, uma corrida, andar agachado e soltar granas ou apertar um botão o mover uma alavanca e olha lá.
São 8 armas divididas entre armas do exército britânico (com limitado poder de fogo) e armas dos Quimeras que ajudam o jogador maior potencia porém limitado com numero de munição. Todas elas até tem uma segunda função porém são pouco utilizadas na maioria dos locais de confronto. Em níveis mais difíceis, a redução da duração rápida da barra de vida e a redução na quantidade de balas disponíveis e as funções secundárias ganham espaço e uso mais importante.
Visual do jogo e interface (HUD)
O jogo ocorre na década de 1950 com forte influência gráfica da época. Muitos elementos do cenário são característicos do período industrial referenciado. O design clássico de alguns itens comuns como geladeiras, fogões, armários, mobília, até mesmo na arquitetura houve um trabalho cuidados para ser bem ressaltado. Espaços com visual inglês do século XIX e XVIII também foram retrabalhados e ajudam a criar o famoso clima inglês.
Para quem jogou Bioshock (outro FPS) vai se sentir em casa devido às semelhanças gráficas (tanto pelo período próximo, a década de 50, como pelo gênero do jogo, um FPS) . Sem dúvida alguma serviu de influência para cenários e equipamentos criados na época. Para quem jogou LA Noire, também vai se sentir bem familiarizado com os detalhes visuais do período retratado. O início de cada década carrega muitas influências das décadas anteriores e por isso LA Noire.
O fator mais curioso da obra é como a equipe, cuidadosamente, juntou as duas vertentes gráficas. A tecnologia dos Quimeras é muito diferente da dos humanos e os cenários humanos junto de peças e equipamentos Quimerianos, num mesmo espaço, criando cenários únicos e diversificados deixam o climão de guerra e combate urbano bem enfatizados.
A influencia visual da época também aparece nos menus do jogo e na interface gráfica que acompanha o jogador. Mesmo que tenha uma HUD familiar ao gênero, aparece nela pequenos detalhes que realçam o trabalho visual da equipe. Outro ponto interessante foi o menu do jogo. Parece com FallOut que trabalha o conteúdo pós apocalíptico e de guerra nuclear de forma primorosa.
Sonoplastia
Como dito, a dublagem é um dos pontos altos do jogo. Cada personagem tem seu dublador e mesmo sendo poucos personagens que falam, a imposição de vós e sotaques são evidentes. Cada arma tem seu barulho, tanto no carregar, quanto no atirar. Na 2ª função o barulho de estancar é evidente. Os soldados quando correm e quando andam devagar também mostram um som característico. Os gritos de morte também são bem constantes. Só uma arma tem um tiro especial que atravessa paredes e isso até é bom pois além de ser visível o barulho dela é muito específico. Ajuda na hora de sair de uma zona protegida para outra mais aberta.
Nos cenários o silêncio é algo que não acompanha tanto, mesmo que existam salas onde ele impera. De certa forma, incomoda a falta de uma música ambiente. Além dos Quimeras fazerem muito barulho quando o jogador fica protegido, e é visto, os tiros são disparados. Caso esteja perto de alguma mina, elas também reagem a presença do jogador e com um barulho específico, se detonam. Com ruídos tão específicos o jogo tem um bom áudio porém não passa disso.
Os Quimeras fazem poucos barulhos, geralmente grunhidos, mordidas, cortes e batidas das armas no jogador, caso chegue muito perto, fora isso é tiro para todos os lados (típico do gênero).
Ponto fraco
Como foi um jogo de lançamento do console (PS3 e em 2006), alguns detalhes, devido a época, ficam evidentes com o passar dos anos. Mesmo que tenha gráficos lindos lembram muito os melhores gráficos do PS2 ou Xbox Original. Não é possível esconder o fator tempo em determinados jogos. Infelizmente tem os troféus como extra que hoje é padrão no console e o jogo perde sua identidade quando comparado com outros jogos do gênero mais famosos devido a sua velocidade reduzida e fatores contemporâneos que levam, os concorrentes, a fama.
Para a época, onde um conjunto de 30 jogos lançados no inicio de vida de um console, esse foi um bom jogo para um gênero que arranca a grana dos jogadores todos anos em todos os lançamentos. Infelizmente, para a galera que adora extras, o jogo não tem DLCs.
Conclusão
Da pra se jogar tudo em poucos dias ou em vários seguidos. Se preferir pode jogar varias cidades em sequencia e o jogo só vai durar 2 semanas. Não é longo e a história prende. Para quem tem pouco tempo, jogar todos os dias ajuda a ter a sensação de progressão do jogo e a passagem por uma cidade diferente, em cada jogada, deixa a aventura com cara de mini série de época. No fim em 3 fins de semana pode-se acabar a aventura. E em sua animação de encerramento, fica um gostinho de “quero mais” pois a ultima cena é indicativa para um jogo seguinte.
Até a próxima análise
Thiago Sardenberg
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