Quando eu digo que jogo de tudo, eu sou honesto, tento jogar
de tudo. Nem sempre é possível e os fatores são diversos mas tento jogar uma
boa diversidade de jogos para conhecer e entender bem as suas propostas.
Caesar 3 segue o velho conceito de administrador de recursos
que Sim City popularizou porém não é só de Sim City que o jogador vive. Command
& Conquer, Age of Empires e War Craft também possuem suas similaridades.
Independe do enredo e da história, os panos de fundo que constroem aquele
universo em particular ou como o jogo se comporta, com relação ao jogador,
todos eles tem elementos em comum: administrar recursos finitos e fazer crescer
seu dinheiro e poder político para vencer os oponentes de cada fase. Não
importa muito como as fases são construídas ou como o jogador irá se comportar
durante e sim vencer, com mais ou menos dificuldades, o objetivo é apenas um.
A série Caesar esbarra em um conjunto de elementos similares
a todos os outros jogos da época. Além de ser um Administrador de recursos, é
um RTS, um Sim City, um Age of Empires e um Command & Conquer combinados.
Só não chega a ser um Star Craft ou War Craft pois os combates não são tão
evidenciados. O objetivo é virar Cesar a partir da politica e da administração
das cidades Romanas.
A premissa além de simples indicaria algo menos problemático
de ser realizado pois “administrar cidade é fácil... Cesar Maia já fez isso,
porque não poderia fazer o mesmo?” é mas Cesar Maia não é o Caesar de Roma e as
realidades geográficas, contemporâneas e politicas são bem distintas (além do
meio analógica dar condições de sobra para acelerar e refazer as cidades do
zero o que a realidade de fora impede)...
1 – Origens
Caesar é uma franquia da bem da saudosa produtora Sierra. Nascida
no início dos anos 1980 e bem conhecida por seus jogos de estratégia (além de
ter realizado incontáveis projetos) é contemporânea da Lucas Artes, que era
especializada em Point & Click na década de 1990. Disputava mercado com as
propostas de simular situações reais ou cotidianas da história humana e transformar
essas situações em jogos foi uma tendência da década de 1990. Década prolífera
para os jogos de PCs que nos consoles não haveriam espaço ou equipamentos para
isso serviu de terreno para inúmeros jogos dos gêneros Construção e administração
de Cidades e Estratégia em Tempo Real (para que gosta hoje dos MMOs ou MOBAs foi
aqui que tudo começou).
Também é bom deixar informado: a franquia começou em 1992 na
1ª versão, em 1996 veio o 2° jogo, em 1998 o 3° (é sobre esse jogo que essa
analise fala) e em 2006 veio o mais recente deles. Mesmo com distancia tão
grande entre o 3° e o 4° jogo, não deixa de ter o mesmo propósito porém, com
recursos melhores, bem mais difícil fica jogar.
2 – Objetivos
Todos os jogos de estratégia tem algo em comum: ganhar dinheiro,
defender território, invadir o terro alheio, roubas ou minerar as riquezas,
acumular recursos, desenvolver seus exércitos e partir para o confronto com o
oponente (controlado pelo PC ou por outro jogador) e ganhar. Mais simples que
isso impossível. Para a época, uma revolução, e quanto mais completo e complexa
fosse a forma de realizar essas tarefas, mais interessante era a proposta.
Porém, Caesar tinha um detalhe particular... Não haviam
inimigos declarados além dos problemas da administração de uma cidade. Alguns
cenários era pacíficos enquanto outros eram mais conturbados. Nos cenários pacíficos
comércio precisava bancar a cidade com rotas marítimas e terrestres com outras
cidades do império Romana. Nos cenários mais instáveis a possibilidade de criar
algum tipo de fabricação e exportação de armas era possível pois além de
aumentar muito o comércio e o retorno financeiro que as armas geravam, havia a necessidade
de criar fortificações e muralhas para conter as investidas dos povos bárbaros.
O jogador podia escolher entre um ou outro terreno a partir da vitória no
terreno anterior.
3 – Progressão
Assim que o jogador começa a jogar, existem pequenos
tutoriais que ensinam como criar a cidade. Como instalar as “coisas”
disponíveis no menu e como fazer o bom uso do terreno disponível. Com o aumento
da população, mais serviços como escolas, teatros, templos religiosos, senado, fóruns,
barbearias, consultórios, prefeituras e engenheiros são necessários. Se a
população cresce demais acontece o desemprego, se a população fica abaixo do
esperado, existe a falta de mão-de-obra para determinadas funções. Administrar
isso é o grande segredo e desafio do jogo. Se há desemprego acontecem os
roubos, se os salários são baixos, os roubos também ocorrem. Coisas bem
típicas, inclusive hoje em dia, a da realidade urbana.
Após as fases iniciais os terrenos vão crescendo e fica mais
complexa a experiência e o trabalho de criar e administrar a cidade. Após 10
terrenos o jogador se torna Caesar e vira um “Deus” literalmente pelo senado
Romana (sim isso está descrito no final do jogo) e é declarado Cesar pois se
tornou bem sucedido (o objetivo de ganhar sempre gera esse resultado).
Durante a construção e crescimento das cidades, Caesar
pedirá alguns favores ao prefeito (no caso o jogador) que precisará cumprir
caso contrário o prestígio com relação ao imperador irá cair. Os objetivos do
jogo são simples: Cultura, Prestígio, Militar, Educação e Comercio. Quanto maior
todos eles, melhor. E quanto mais se prepara a cidade para manter cidadãos e
garantir esses serviços melhor o jogador ficará.
4 – Sonoplastia
O jogo tem pontos altos e baixos. Durante algum tempo
diverte mas tem certas coisas que começam a irritar como a musica de fundo e os
barulhos de movimento nas cidades (carroças, construções caindo, incêndios,
roubos, bebidas, talheres e pratos, crianças na escola)... A falta de dinheiro
é declaradamente a mais emblemática pois se os recursos não vierem, o Caesar ficará irritado e lançará a fúria contra o
jogador.
Porém, é graças a esses detalhes simples que o jogo ganha
algum destaque. Tanto no início quanto no final de cada fase existe uma
animação de contemplação. Ou do terreno e da cidade (no final e vitória da
fase) ou na demonstração do desafio do terreno. Antes de começar o terreno,
existe uma historia (escrita e dublada) de pando de fundo (que é contada ao
jogador) e os motivos de precisar de uma cidade naquela região para Roma.
A versão BR é uma tradução inteira do jogo original. Como o joguei
por vários anos e nunca terminei, posso deixar claro, os dois jogos tem bons
trabalhos, tanto nas dublagens (originais e localizada) quanto na tradução (de
menus e dos textos escritos). O resultado é tão bom que os novatos no gênero
não se sentirão tão perdidos graças a essa boa tradução.
No original acontece uma coisa irritante infelizmente. O
dublador do Caesar é talvez pior que o Brasileiro. Por ter jogado a versão
brasileira há mais de 10 anos, pode ser uma questão de época então, as limitações
do hardware influenciaram os resultados. Com o passar dos anos, os jogos
realmente melhoraram bastante e a franquia seguia a tendência também.
5 – Vale jogar?
Caesar 3 é um jogo que representa bem a época de ouro que os
jogos individuais gerou. Tinha complexidade e desafios na medida. Entretanto, é
lento e cansativo com o passar do tempo. Não é uma obra prima, até porque não é
a proposta nem os objetivos da franquia. Ela quer apensa retratar de maneira
diferente, e fora dos livros, a realidade ao qual o império Romano convivia.
Como aula de história uma forma diferente de aprender algo que ocorreu. Como
fator histórico só para demonstrar como eram os jogos da época com relação aos
equipamentos disponíveis.
6 – Conclusão
Para quem jogou qualquer versão de Age of Empires, Command
& Conquer ou Star Craft passe longe desse jogo, pois será chato e sem sentido
por não haver os interessantes combates que impregnam os jogos citados (sem
esquecer de que falta uma história de fundo mais interessante que prenda o
jogador por esse fator pois ele não o fará).
Se gostar de Sim City e quer algo diferente das cidades
modernas, verticalizadas e industriais que temos como realidade, é algo
diferente e até divertido para se apreciar. Vai lá e dá uma olhada, pode ser
que te prenda por alguns dias.
Para quem espera algo lindo e maravilhoso em 4K passe longe,
esse jogo tem limites gráficos abaixo dos 720p e não tem como escalonar pra
cima. Melhor jogar a 4ª versão caso queira algo mais bonito. Um deleite gráfico?
Nem um pouco mas tem lá sua qualidade. Se dê a oportunidade. Jogue algo que não
é visto todo dia nesse formato.
Até a próxima análise
Ass.: Thiago Sardenberg
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