domingo, 31 de dezembro de 2017

As premissas de um RTS com 20 anos...


Quando eu digo que jogo de tudo, eu sou honesto, tento jogar de tudo. Nem sempre é possível e os fatores são diversos mas tento jogar uma boa diversidade de jogos para conhecer e entender bem as suas propostas.


Caesar 3 segue o velho conceito de administrador de recursos que Sim City popularizou porém não é só de Sim City que o jogador vive. Command & Conquer, Age of Empires e War Craft também possuem suas similaridades. Independe do enredo e da história, os panos de fundo que constroem aquele universo em particular ou como o jogo se comporta, com relação ao jogador, todos eles tem elementos em comum: administrar recursos finitos e fazer crescer seu dinheiro e poder político para vencer os oponentes de cada fase. Não importa muito como as fases são construídas ou como o jogador irá se comportar durante e sim vencer, com mais ou menos dificuldades, o objetivo é apenas um.

A série Caesar esbarra em um conjunto de elementos similares a todos os outros jogos da época. Além de ser um Administrador de recursos, é um RTS, um Sim City, um Age of Empires e um Command & Conquer combinados. Só não chega a ser um Star Craft ou War Craft pois os combates não são tão evidenciados. O objetivo é virar Cesar a partir da politica e da administração das cidades Romanas.

A premissa além de simples indicaria algo menos problemático de ser realizado pois “administrar cidade é fácil... Cesar Maia já fez isso, porque não poderia fazer o mesmo?” é mas Cesar Maia não é o Caesar de Roma e as realidades geográficas, contemporâneas e politicas são bem distintas (além do meio analógica dar condições de sobra para acelerar e refazer as cidades do zero o que a realidade de fora impede)...

1 – Origens


Caesar é uma franquia da bem da saudosa produtora Sierra. Nascida no início dos anos 1980 e bem conhecida por seus jogos de estratégia (além de ter realizado incontáveis projetos) é contemporânea da Lucas Artes, que era especializada em Point & Click na década de 1990. Disputava mercado com as propostas de simular situações reais ou cotidianas da história humana e transformar essas situações em jogos foi uma tendência da década de 1990. Década prolífera para os jogos de PCs que nos consoles não haveriam espaço ou equipamentos para isso serviu de terreno para inúmeros jogos dos gêneros Construção e administração de Cidades e Estratégia em Tempo Real (para que gosta hoje dos MMOs ou MOBAs foi aqui que tudo começou).

Também é bom deixar informado: a franquia começou em 1992 na 1ª versão, em 1996 veio o 2° jogo, em 1998 o 3° (é sobre esse jogo que essa analise fala) e em 2006 veio o mais recente deles. Mesmo com distancia tão grande entre o 3° e o 4° jogo, não deixa de ter o mesmo propósito porém, com recursos melhores, bem mais difícil fica jogar.

2 – Objetivos

Todos os jogos de estratégia tem algo em comum: ganhar dinheiro, defender território, invadir o terro alheio, roubas ou minerar as riquezas, acumular recursos, desenvolver seus exércitos e partir para o confronto com o oponente (controlado pelo PC ou por outro jogador) e ganhar. Mais simples que isso impossível. Para a época, uma revolução, e quanto mais completo e complexa fosse a forma de realizar essas tarefas, mais interessante era a proposta.


Porém, Caesar tinha um detalhe particular... Não haviam inimigos declarados além dos problemas da administração de uma cidade. Alguns cenários era pacíficos enquanto outros eram mais conturbados. Nos cenários pacíficos comércio precisava bancar a cidade com rotas marítimas e terrestres com outras cidades do império Romana. Nos cenários mais instáveis a possibilidade de criar algum tipo de fabricação e exportação de armas era possível pois além de aumentar muito o comércio e o retorno financeiro que as armas geravam, havia a necessidade de criar fortificações e muralhas para conter as investidas dos povos bárbaros. O jogador podia escolher entre um ou outro terreno a partir da vitória no terreno anterior.

3 – Progressão

Assim que o jogador começa a jogar, existem pequenos tutoriais que ensinam como criar a cidade. Como instalar as “coisas” disponíveis no menu e como fazer o bom uso do terreno disponível. Com o aumento da população, mais serviços como escolas, teatros, templos religiosos, senado, fóruns, barbearias, consultórios, prefeituras e engenheiros são necessários. Se a população cresce demais acontece o desemprego, se a população fica abaixo do esperado, existe a falta de mão-de-obra para determinadas funções. Administrar isso é o grande segredo e desafio do jogo. Se há desemprego acontecem os roubos, se os salários são baixos, os roubos também ocorrem. Coisas bem típicas, inclusive hoje em dia, a da realidade urbana.


Após as fases iniciais os terrenos vão crescendo e fica mais complexa a experiência e o trabalho de criar e administrar a cidade. Após 10 terrenos o jogador se torna Caesar e vira um “Deus” literalmente pelo senado Romana (sim isso está descrito no final do jogo) e é declarado Cesar pois se tornou bem sucedido (o objetivo de ganhar sempre gera esse resultado).

Durante a construção e crescimento das cidades, Caesar pedirá alguns favores ao prefeito (no caso o jogador) que precisará cumprir caso contrário o prestígio com relação ao imperador irá cair. Os objetivos do jogo são simples: Cultura, Prestígio, Militar, Educação e Comercio. Quanto maior todos eles, melhor. E quanto mais se prepara a cidade para manter cidadãos e garantir esses serviços melhor o jogador ficará.

4 – Sonoplastia

O jogo tem pontos altos e baixos. Durante algum tempo diverte mas tem certas coisas que começam a irritar como a musica de fundo e os barulhos de movimento nas cidades (carroças, construções caindo, incêndios, roubos, bebidas, talheres e pratos, crianças na escola)... A falta de dinheiro é declaradamente a mais emblemática pois se os recursos não vierem, o Caesar  ficará irritado e lançará a fúria contra o jogador.


Porém, é graças a esses detalhes simples que o jogo ganha algum destaque. Tanto no início quanto no final de cada fase existe uma animação de contemplação. Ou do terreno e da cidade (no final e vitória da fase) ou na demonstração do desafio do terreno. Antes de começar o terreno, existe uma historia (escrita e dublada) de pando de fundo (que é contada ao jogador) e os motivos de precisar de uma cidade naquela região para Roma.

A versão BR é uma tradução inteira do jogo original. Como o joguei por vários anos e nunca terminei, posso deixar claro, os dois jogos tem bons trabalhos, tanto nas dublagens (originais e localizada) quanto na tradução (de menus e dos textos escritos). O resultado é tão bom que os novatos no gênero não se sentirão tão perdidos graças a essa boa tradução.


No original acontece uma coisa irritante infelizmente. O dublador do Caesar é talvez pior que o Brasileiro. Por ter jogado a versão brasileira há mais de 10 anos, pode ser uma questão de época então, as limitações do hardware influenciaram os resultados. Com o passar dos anos, os jogos realmente melhoraram bastante e a franquia seguia a tendência também.

5 – Vale jogar?

Caesar 3 é um jogo que representa bem a época de ouro que os jogos individuais gerou. Tinha complexidade e desafios na medida. Entretanto, é lento e cansativo com o passar do tempo. Não é uma obra prima, até porque não é a proposta nem os objetivos da franquia. Ela quer apensa retratar de maneira diferente, e fora dos livros, a realidade ao qual o império Romano convivia. Como aula de história uma forma diferente de aprender algo que ocorreu. Como fator histórico só para demonstrar como eram os jogos da época com relação aos equipamentos disponíveis.


6 – Conclusão

Para quem jogou qualquer versão de Age of Empires, Command & Conquer ou Star Craft passe longe desse jogo, pois será chato e sem sentido por não haver os interessantes combates que impregnam os jogos citados (sem esquecer de que falta uma história de fundo mais interessante que prenda o jogador por esse fator pois ele não o fará).

Se gostar de Sim City e quer algo diferente das cidades modernas, verticalizadas e industriais que temos como realidade, é algo diferente e até divertido para se apreciar. Vai lá e dá uma olhada, pode ser que te prenda por alguns dias.


Para quem espera algo lindo e maravilhoso em 4K passe longe, esse jogo tem limites gráficos abaixo dos 720p e não tem como escalonar pra cima. Melhor jogar a 4ª versão caso queira algo mais bonito. Um deleite gráfico? Nem um pouco mas tem lá sua qualidade. Se dê a oportunidade. Jogue algo que não é visto todo dia nesse formato.

Até a próxima análise
Ass.: Thiago Sardenberg

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