terça-feira, 9 de maio de 2017

Nostalgia - N64 - Paper Mário - Parte 2


Para quem chegou até aqui e não leu a parte anterior, clique aqui!

3 – Conteúdo para quem tem tempo de sobra e ouvidos para tanta repetição

Não é possível vencer o jogo sem passar por quase tudo o que ele tem. Alguns objetivos são irrelevantes porém ajudam no decorrer da aventura com novos equipamentos e evolução mais rápida do personagem. Em cerca de 30 horas é possível vencer boa parte da aventura, inclusive o Bowser. Antes disso? Vai ser difícil.

Nos cenários existem muitos segredos e a história se desenvolve na exploração deles. Encontra-se o personagem. Descobre o problema. Resolve o problema e segue para a nova parte onde se resolve novos problemas. Ao final, calabouço de problemas, com itens, inimigos e um chefe cabeludo e libera-se outra estrela. A estrutura do jogo é assim do inicio ao fim e a maneira de jogar também.
Nesse interim ocorrem os barulhos irritantes dos objetos que Mario ganha ou arruma sem querer e as músicas memoráveis (ou não) do jogo acontecem de forma bem repetitiva.

Chegar ao final do jogo não permite conseguir virar Mario Dourado (a lá Sonic com suas esmeraldas) e ganhar mais vida e/ou flores. Até porque no final do jogo só se chega a metade do que essa imagem mostra. Entretanto, vale pela tela de comandos e vida que aparece em toda batalha.

São poucas as vezes que elas mudam drasticamente. O mapa principal tem a dele as batalhas e chefes as delas. Cavernas e calabouços tem suas músicas enquanto os personagens em modo de ataque fazem barulhos bem característico. Não chegam a ser carismáticas mas ajudam.

No início de tudo as músicas divertem. São animadas, variadas e empolgam o jogador a continuar em frente. Isso é bom pois o deixa empolgado. Com o passar do tempo cansam até que aparece um Chefe e a música muda drasticamente. O que é bem típico dos RPGs (independe da empresa, estilo ou tamanho do jogo). Entretanto, algumas músicas realmente cansam muito. Ter a cidade de Toad Town como centro é talvez a 2º música de maior repetição do jogo, só perde para a de batalhas.

Quando os comandos dos controles são acertados, bonus aparecem na tela de jogo.

O que mais chama a atenção nessas músicas são as releituras. Muitas delas vieram especificamente de jogos antigos e ganharam uma nova roupagem atingindo os jogadores nostálgicos. Super Mario Theme, Yoshi’s Island, Peach Castle, Bowser Castle são muitas músicas de outras eras e jogos que não deixa de ser cativante e ficam martelando na memória afetiva dos jogadores mais antigos.

O jogo não tem dublagem. Obvio que não tem. A Nintendo não faz jogos dublados de suas principais franquias porém existem os sons de expressão que são bem mais relevantes. Susto, espanto, surpresa, alegria, mistério... Nesse ponto a falta de diálogo é compensado com a imaginação ativa do jogador ao tentar adivinhar o que representa aquele som específico. Em muitas outras ocasiões o som deixa claro “ali tem item!” ou “tem problema pra resolver aqui!” e por aí vai. Não muda muito além do que já é bem conhecido e agrada.

4 - Defeitos da casa

Sem exceção: Todo santo RPG que se preze tem erros de projeto ou de execução. Alguma coisa acaba por irritar o coitado do jogador. Paper Mario não consegue fugir a essa regra e em todos os outros jogos do gênero, esses erros ocorrem. Tira o brilho da obra? Não, mas irritam.
Os principais erros foram:

Com os bonus de ataque e defesa, mais dano se dá (e se recebe) principalmente no final do jogo onde os pontos de vida são preciosos e temos poucos itens de cura sem andar um caminho enorme.

Música repetitiva. Elas realmente cansam a paciência do jogador. Algumas devem ficar na memória mas a maioria vai passar longe. Poderiam criar uma boa coletânea em CD especial? Sim, podem mas é bom repensar na possibilidade de comprar pois só se for um bom combo de remix divertidos não pelo conteúdo original.

Os comandos costuma falhar bastante. Sem duvida alguma um RPG tem em seus controles algo que os define como bons ou terríveis. Paper Mario não consegue evitar que os controles sejam péssimos. Funcionam mas falham muito. Não serão poucas as vezes que o jogador irá precisar repassar um caminho chato ou longo pra alcançar algumas plataformas ou itens.

Inimigos voadores e terrestres, com chapéu pontudo e fumaça pela tela...

Repetir as mecânicas de Beat’m’Up no meio da batalha fica muito cansativo. É bem vinda pela mudança dentro do gênero pois as batalhas por turnos permitem isso. Entretanto, se o jogador errar um tempo mínimo, pode ser severamente penalizado e sem querer morrer.

Inventario pequeno. Mesmo que haja a possibilidade de conseguir muitas moedas para comprar várias bugigangas, o inventário é restrito e costuma atrapalhar o jogador no final. Quando precisa de um outro item de cura mais forte e o inventário não tem espaço. Poderiam evitar essa limitação com uma bolsa de itens maior ou inventário infinito. Não o fizeram.


5 - Conclusão

É uma nova maneira de criar RPGs e principalmente de se jogar RPGs. Fugiu ao tradicional esquema das batalhas por turnos (Final Fantasy e Dragon Quest que o digam) e em telas de batalha. Por “limitações” impostas da proposta, que não deixa de ser inovadora e revigora o gênero e consegue ser interessante. O sistema limitado de evolução, cria uma nova maneira de se definir a evolução por pontos. O jogador é recompensado a todo instante porém quando está muito forte a recompensa não existe, o que o obriga a ir adiante atrás de novos inimigos e objetivos evitando assim repetir cenários muito iniciais.

Os itens clássicos estão lá. Os inimigos conhecidos também. A jornada do herói é remontada de forma divertida e mostra que serão poucos os que tem condições (paciência na prática) de zerar essa outra aventura de Mario e cia. Bowser nunca foi e nunca será um oponente fácil e nesse jogo esse desafio é sem duvida o pior de todos.

A Trilha Sonora Original, OST, é um trabalho a parte, porém é cansativa depois de muitas horas de jogo. Item de colecionador mais aficionado e com disposição para comprar tal raridade.

Para quem gosta do universo Super Mario é uma leitura diferente do que se conhece. Não chega a ser marcante por sua pouca profundidade de conteúdo e história porém é bom e serve bem de referencia por redefinir a forma de fazer os RPGs. Para quem gosta do gênero é um exemplo sem muitos detalhes mirabolantes ou desafios cabeludos, apesar de existirem alguns.

Para quem quer se distrair com algo rápido (sem chegar a 80 horas de jogo) ou apenas viver uma aventura despretensiosa vale o tempo investido. Quem gosta de multiplayer, jogos rápidos e com histórias intensas, passe longe pois não é esse o caso. Essa aventura não é para os adeptos do FPS mas recomendo para os novatos que não conhece o gênero e quer ter uma experiência equilibrada. Mesmo se não chegar ao final da aventura, será uma boa opção.

Até a próxima análise
Ass.: Thiago Sardenberg

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