Conclusão: sério, na boa, não jogue se não quiser se estressar e não vá pensando em ser um RPG que esse jogo passa longe de ser um RPG. Não é ruim mas está longe de ser bom. Comandos são bons mas a câmera é péssima. Muitas telas de carregamento (a cada porta ou mudança de sala tem uma tela dessas) e muita dificuldade para se vencer inimigos que poderiam dar mais pontos de experiência e não dão. Uma pena. Uma obra com boa história e premissas mas que não evolui como deveria. Passe longe de preferência. Cuidado tem spoilers.
1 – Começando tudo, premissas e promessas...
O jogador é um menino que pode escolher entre o caminho do herói ou do vilão (com consequências diretas na história mais perto daquele momento ao qual o jogador está vivenciando). Na prática vai enfrentar os mesmos inimigos na maioria das vezes pois o chefe final não muda. No início e após alguns problemas para serem resolvidos em sua aldeia, o herói consegue o dinheiro para comprar um presente de aniversário à irmã e faz a entrega porém a aldeia é atacada por um grupo de ladrões que matam os habitantes. No final do ataque um mago, muito poderoso, salva o herói e o leva para uma academia de estudos onde pode aprender a usar magias e armas brancas.
Ao conhecer novos personagens e como interagir com outras pessoas o personagem ganha experiência e evolui de nível. Ao se passar uns 7 ou 10 anos de treino (via animação no jogo) tem a oportunidade de acionar e completar missões que aparecem.
Explorando o mundo e resolvendo seus problemas e achando as cidades a história se desenvolve. No meio do caminho entre um local e outro, quanto mais inimigos se derrota nesses caminhos mais pessoas poderão ser salvas e mais pontos de experiência se ganha (aumentando a percepção desses personagens com a sua boa reputação). Após mais alguns combates o jogador é obrigado a voltar a academia para pegar novas missões, distribuir os pontos de experiência nos níveis alcançados e liberar novas habilidades e magias.
2 – O mundo do jogo e suas muitas histórias
O jogo fala de um país chamado Albion. O mapa parece ser extenso porém não é tão extenso assim. Os caminhos por onde o jogador passa são bem lineares e onde existem divisões de rotas acabam não gerando novos locais tão importantes ou emblemáticos quanto deveriam. Além de jogar pequenas locações que acrescentam pouca interação com a história principal.
Custa mais caro chegar num local em uma rota sem saída do que ficar andando nas mesmas rotas ganhando poucos pontos de experiência, porém ainda é muito melhor ganhar pouco XP do que dar de cara na parede. As vantagens dessas locações, quando houver rios ou lagos, é poder pescar e disso tirar algum proveito de itens, poções, dinheiro ou lixo que podem ser vendidos ou trocados por coisas menos piores.
As locações que chamam a atenção são: a cidade onde tem uma governante (o final dessa história pode causar uma consequência interessante ao jogo e um chefe extra chato), a arena de batalhas (onde o jogador pode ganhar mais XP e decidir se mata ou não sua companheira/oponente) e um prostíbulo. Quem diria que um jogo desses colocaria uma casa desse tipo e com governanta e suas mulheres, de diversas feições e volumes, que podem ser pagas para agradar o personagem. Isso foi uma inovação interessante que nem Godo f War fez em seus jogos e só voltando a aparecer em Mass Effect e depois em The Witcher.
Outros locais que chamam a atenção são: o cemitério, as regiões de gelo e as portas com rostos falantes gigantes de pedra que pedem para o jogador resolver certos problemas e após esses desafios serem completados abre-se uma caverna com alguns inimigos, itens ou extras na história (só descobri um que é obrigatório na história principal).
Castelos não tem (mesmo sendo um RPG com tendência medieval e pós medieval). Existem as cidades com casas e locais para visitar com boa regularidade. Existem também algumas masmorras e calabouços obrigatórios para serem visitados e salvar personagens importantes no decorrer da aventura porém são poucos e deixam a desejar em complexidade ou desafios ficando muito próximos aos mais do mesmo do FPS do que uma descoberta que Zelda causa.
Não é a proposta do jogo tentar recriar os desafios da série Zelda ou tentar ser um RPG clássico como Final Fantazi nem ser uma cópia barata de Dragon Quest (até porque suas mecânicas passam longe das apresentadas pela saga do dragão) mas seguiu algumas alternativas que hoje não podem ser ignoradas pois fazem parte de um ecossistema maior.
3 - Problemas do jogo
Como dito, o jogo tem muitos erros (devido a época e a tecnologia do console) e um deles são as infinitas telas de carregamento. Por ter seu original de 2004, no 1° XBOX, existiam motivos de sobra para a existência dessas telas pois os cenários são pré-carregados. Em processamento de console de mesa é muito mais fácil o console processar uma cenário com muitas informações de uma vez do que fazer todas elas ao mesmo serem acessadas no disco, isso consome memória e processamento sem necessidade.
Os controles são um tanto travados, a movimentação dos personagens é bem estranha. A qualidade delas fica a desejar e mesmo depois de 10 anos de lançado, esses problemas poderiam ter sido resolvidos na versão Anniversary e não foram. Certas tradições não precisam mudar e nesse jogo o que não falta são problemas tradicionais.
A inteligência artificial também deixa a desejar. Quando é preciso defender um grupo de personagens ou derrotar muito soldados, a dificuldade ganham dose extra de gargalos que podem deixar os jogadores frustrados. Nesses pontos os nervos afloram. Funcionam? Sem duvida, e é possível de se passar do desafio porém não vai ser algo muito fácil não. É preciso conhecer bem o sistema de batalhas do jogo e saber se defender. Alguns movimentos causam um dano considerável mesmo em níveis altos da barra de vida e Magia.
O mecanismo de “auto save” do jogo também não é dos melhores e mesmo que funcione bem nos momentos onde as famígeras telas ocorrem, acabam por atrapalhar mais do que ajudar. Uma pena. Mesmo que essas telas existam os jogos do tipo Ocarina of Time ou Majora’s mask, mais antigos e de console menos potente, a equipe conseguiu fazer as telas de carregamento uma tortura de espera sem tamanho causando uma perda de ritmo, ao jogo, desnecessário.
Sem ignorar o fato de terem feito alguns GTAs e de existir Elder Scrolls 3 Morrowind como quase um exclusivo, a tecnologia vigente poderia ter evitado alguns gargalos irritantes o que não foi feito (e não foi por falta de conhecimento técnico). Fable errou feito nesses quesitos e poderia ter reduzido nas releituras do mesmo.
4 – Sonoplastia e dublagem
As música são repetitivas e cansam rapidamente. Até que são bem trabalhadas e o fator de serem orquestradas funciona bem. Nos combates os sons de batidas de armas ou dos gritos dos oponentes agradam e dão um charme a obra. Monstros são poucos. Existem muito mais personagens humanos do que qualquer tipo de monstro imponente. Existem mas são poucos.
A dublagem é um dos poucos pontos fortes do jogo. Sem duvida alguma uma adição bem vinda ao gênero (algo que a franquia FF fez no PS2 de forma competente mesmo não sendo 100% dublado e que Zelda deixa a desejar em diversas ocasiões em consoles e suas mídias).
Mesmo para aqueles que não manjam do idioma inglês as frases não são complexas. Entretanto, o vocabulário usado na obra não é de um simples RPGs pois é colocado de forma mais natural possível. Toda vez que precisa de novas informações sobre alguma missão importante, aquele mago super forte do início, fala via telepatia que existem novidades e precisa voltar a academia para saber mais.
Os diálogos existem e são aos montes porém ou são de alguns personagens com o herói (que é totalmente mudo e só responde por feições predefinidas e cabendo ao jogador decidir qual vai ser devido as suas respostas) ou entre mais de um personagem amostra na cena. As influências que a franquia Zelda causa em Fable é evidente e não deixa de demonstrar como serviu de referencia para vários momentos. Entretanto Zelda não tem dublagem e mesmo não sendo Link o personagem principal, ele deixa sua marca na franquia Fable.
5 – Finalizando
Não terminei o jogo e não irei termina-lo. Cheguei num ponto onde é inevitável ter bons equipamentos e saber usar magias de cura e defesa aos montes porém muitos inimigos atacam ao mesmo tempo e conseguir manter um personagem salvo para passar certos caminhos é bem complicado. Foi bem sem graça o desafio e não me deixava escolha a não ser recomeçar, do zero o jogo inteiro. Não, isso não! Não vou jogar tudo de novo desse jeito.
A cafetina do Bordel onde outras mulheres, havendo dinheiro na carteira, podem ser pagas para entreter o personagem em determinados momentos.
O chefe final é descoberto mais ou menos no meio do jogo. Ele se mostra na arena e até então era só parte dos personagens secundários da trama e aparece de forma estranha por ter sequestrado sua mãe e sua irmã (que deveriam estar mortas após o ataque dos ladrões no inicio do jogo).
Sua irmã aparece com os ladrões do inicio do jogo que são derrotados pelo herói quando é para resolver um problema da sua aldeia e eis que aparece a resposta. Algo um tanto previsível. Do resto é um jogo é fácil e conseguiu criar um ecossistema interessante.
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