A quantidade de peças gráficas era enorme, nem as turmas de faculdade são tão exigidas assim mas acreditava nos alunos das turmas e botei o "projeto" para frente.
Apesar de não ser muito a favor do tema, porque temos muitas vertentes musicas diferentes, a turma gostou já que poderiam criar e propor ideias com base no gosto musical deles.
O nome da revista era “Sound Up – Sua revista de música” pra não gerar qualquer slogan e ter referencia direta ao tema, facilita bastante pesquisar algum conteúdo específico e ter um pouco de referencias visuais (imagens, desenhos e outras informações).
O programa que ensinava era o Adobe Illustrator, um programa de desenho vetorial, e logo depois iria começar o Photoshop. Sem esperar muito e por ter apenas 20 aulas, das 10 aulas do illustrator estava na 5ª aula e a matéria ainda não havia terminado, faltavam algumas ferramentas uteis e outros detalhes curiosos para mostrar a eles.
Como estava correndo contra o tempo, a proposta foi definida da seguinte forma: na primeira metade da aula passei matéria nova, na segunda metade seria a execução do trabalho e que iria continuar assim até o final dos dias que ainda faltavam. Algo fácil e bem tradicional em relação as aulas ditas e comuns das escolas porém com 4 horas de aula por dia e ao menos 90 minutos só de matéria nova...
A matéria que passaria nesses dias seria exatamente a do trabalho final.
OBS: todas as informações de: tamanho, colunagem, proporção e dobras estão
disponíveis na internet em sites específicos de impressão ou para material impresso.
Primeiro de tudo organizei as pastas. A entrega precisava ser de forma logica e organizada e com isso defini o formato da entrega. Uma pasta com o nome do aluno era básico. Dentro dela os arquivos originais de trabalho, os arquivos finalizados e as imagens de pesquisa caso quisessem.
Logo depois organizei o conteúdo dentro do programa. Como eram muitas paginas de diferentes tamanhos (os famosos formatos de impressão) sugeri duas soluções; uma delas um arquivo com todas as peças gráficas organizadas em cada pagina (ou prancheta) OU cada peça gráfica em um arquivo diferente. Ao final, teria o mesmo trabalho de forma diferente e teria maneira forma a possibilidade de ver o que precisava, a evolução dos alunos no decorrer de 8 ou 10 aulas.
Assim que decidiram como iriam organizar essas folhas, partiram para o formato e foram salvando um por um na pasta original. Após os arquivos salvos partimos para a pesquisa.
A pesquisa foi focada em coisas do cotidiano da musica: instrumentos, notas musicais, capas de discos e folhetos, muitas fotos e outros detalhes secundários. Depois dessa breve pesquisa era hora de executar. Não foram muitos dias de execução porém já seria o bastante para deixar uma ideia clara do trabalho profissional deles após o curso terminar.
As artes (para serem colocadas nas pranchetas) eram num total 09 delas.
Cartão de visita (geralmente não tem muita variação porém alguns clientes pedem tamanhos diferenciados para terem um corte personalizado ou acabamento especial).
Cartão postal (esse tem frente e verso mas o verso é o mais importante
porque existem regras e informações pré definidas que o definem).
Papel timbrado (o mais tranquilo porém pode mudar de acordo com o papel padronizado no país)
Outdoor (proporção 1/3 a cada 1 de altura são necessários 3 de largura, em média).
Capa de DVD promocional (a lombada é variável com relação a caixa usada o resto não).
Caixa de CD (e o disco de 12 cm de diâmetro que é padrão em DVD, CD e Blu Ray)
No caso das caixas de CDs existem alguns formatos. Enquanto umas são mais espessas outras mais finas e a lombada dessas caixas podem variar bastante.
No caso das caixas de CDs existem alguns formatos. Enquanto umas são mais espessas outras mais finas e a lombada dessas caixas podem variar bastante.
Capa da Revista (variavel dependendo do país e da editora)
Marcador de livro (o tamanho é muito variável e pode até mesmo ser feito na sobra de papel que
as capas dos livros não conseguiram ocupar todo o espaço em branco evitando muitas sobras).
as capas dos livros não conseguiram ocupar todo o espaço em branco evitando muitas sobras).
Cada uma dessas peças tem uma medida diferente e era preciso mate-las organizadas e nos tamanhos previstos em cada uma delas. Depois de pronto era preciso exportar como PDF (ou individual ou único) e deixar na pasta com o nome do aluno que o estava me entregando.
Dessa maneira seria bem mais fácil terminar de corrigir e definir uma nota para eles.
Alguns não conseguiram fazer todas as peças, normal, era o primeiro trabalho grande deles no curso técnico, porém alguns fizeram o trabalho de tal forma que geraram conteúdo bom o bastante para serem divulgados.
Até chegar ao final uma das características que esse trabalho longo faz é o termo “refaz” que é muitas vezes ouvido em sala de aula. A grande maioria dos alunos acabam acreditando que a primeira solução será sempre a melhor e isso não é verdade.
Ao entenderem que o refazer gera conhecimento e necessidade de aprender cada vez mais a usar os programas garante que eles tenham autonomia na execução. Além de não ficar ao lado deles na hora dos trabalhos oficiais, eles precisam saber decidir quais são as melhores opções disponíveis para continuar a execução.
Resultado final? O medo deles era evidente em receber ou não o “refaz”. Minha fama no trabalho ficou grande devido a essa palavrinha magica perversa e bem humorada que falo regularmente. O ‘tio’ do “REFAZ” é um cara severo mas, sim, acredito no potencial dos alunos e sei que podem fazer o problema é que eles não sabem acreditar neles mesmos e isso é uma barreira dificil de ser quebrada.
Na hora da entrega tenho lá minhas surpresas. Alguns poucos trabalhos conseguem chegam a um nível de qualidade bacana o bastante para se reconhecer e definir destaques, garantir que não sejam reprovados e tenham um empenho melhor com o passar das materias do curso. Enquanto a maioria não passa de um ponto mediano que não os reprova, na pratica precisam praticar muito para alcançar bons resultados dos trabalhos (isso me lembra eu mesmo na época da faculdade, fazia exatamente igual a eles). Infelizmente, ainda existem aqueles que precisam ser reprovados. Não pela ideia ou pela má finalização do trabalho mas porque acabam fazendo muito menos do que o previsto ou pedido.
Fatores externos, falta de paciencia, morar longe, faltar muitas aulas, não pode praticar em casa. Sim são fatores que influenciam nessas notas. A responsabilidade é de quem? De todos nós inevitável. Do aluno em se organizar mais e melhor para faltar menos. Do instrutor em apoiar o retrabalho e ajudar a recuperar o aluno numa nova oportunidade. Da escola em entender quem nem todos tem os devidos acessos que são nessários para se praticar o conhecimento adquirido em casa.
No final de tudo. essa experiência de sala de aula é uma das melhores que tenho para deixar a todas as turmas. É muito bom ver a evolução deles no final das 8 ou 10 aulas que existem no cronograma. Bem corrido é verdade mas é possível e acredito nesses alunos mais do que eles já sabem...
Ass.: Thiago Sardenberg
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