sexta-feira, 17 de outubro de 2014

É ridículo

É ridículo. Um analista de mercado (até certo ponto famoso e muito ouvido) vive falando que a Nintendo vai falir (ja tem quase 10 anos). Depois afirma que a MS vendeu mais que a SONY no mes anterior (e já sabemos que o PS4 é superior ao XBO) e que os portáteis não terão futuro (DS, 2DS, 3DS e PSP e PS Vita estão aí pra que afinal de contas?).

Nos últimos anos, esse mesmo analista vem falando que algumas empresas tendem a falir porque não conseguem se renovar ou criar novas franquias e propriedades intelectuais (a Rovio ta sofrendo com isso e a Zynga já sofre a mais tempo) mas não significa que o mercado é um problema. Até porque, o problema pode não estar nas franquias ou nas empresas e sim no próprio mercado consumidor.

Pra que novas franquias e propriedades intelectuais se o público mais "velho" é o mais conservador e "monogamistico" do que "os novatos"? Será que são só os jogadores mais velhos mesmo o principal problema? Os novatos também tem se tornado um reflexo desse movimento “repeteco” dos últimos anos.

O próprio fator "repetição" que impera nos games já é uma prova concreta e descarada de que certas coisas não podem, e nem devem, mudar. Mesmo que o público peça a tal inovação do gênero preferido. Os FPS, RPGs, Adventures, Platatorma, Point & Clicks, Hak'n'Slash, Lutas, RTS mostraram que evoluir não significa perder as origens.

Geração NES / Master foi a geração das Plataformas (com espaço suficiente para criar e desenvolver novos gêneros nesses plataformas). Na geração SNES / Genesis foram os de pancadaria e exploração. Na geração PS1 / N64 e Saturno foram os jogos de aventura por um lado e por outro os de RPG solitário.

Ao chegarmos na geração Dreamcast / PS2/ GC e XBOX vimos o boom das jogatinas online entre amigos começar e explodir (os PCs começaram e quem se lembrar dos primórdios da Battle Net chora de raiva e alegria, Ultima Online então foi um estouro, da mesma forma que MU Online teve sua boa fase).

Na geração PS3 / X360 e Wii a tão sonhada inovação veio em parte. Graças a uma jogada de mudança arriscada, o acréscimo de movimento aos jogos foi bem vinda (porém nem tão bem recebida quanto deveria) e ao mesmo tempo a Live e Network ganhavam forma, força e adoradores, junto de suas conquistas e troféus espalhados por variados jogos.

Evoluir pode e deve ser sempre melhorar algum fator não tão bem explorado quanto deveria e sem tocar nos pontos "clássicos" dos jogos originais é o grande desafio da inovação. A tão sonhada renovação precisa acontecer, ninguém vive do passado o tempo todo (a não ser os museus e bibliotecas mas tem uma nobre causa para isso) pois o mundo vira e com ele os consumidores mudam também.

Nos mais diversos gêneros de jogos, filmes, livros, quadrinhos, séries de TV, a repetição foi o que solidificou algumas franquias. Como estou falando de estilos de jogos e principalmente os ditos “famosos de hoje” quem não tem o interesse de criar um novo WOW ou Call of Duty da vida? Isso não é tradição? Isso não é ser conservador? Isso não é fazer “mais do mesmo”?

FIFA, NHL, NBA, NFL, PES, F1, NASCAR, INDY, NFS, FORZA, GT. Todos eles seguem muito mais repeteco dos jogos passados do que inovação pura e simples. Porque? Porque o público (ele mesmo, o consumidor) nem sempre quer a tão falada inovação. Respeitam a renovação e pedem inovação mas renovar pode ser refazer tudo do zero.

Graças aos erros desse cara (que vem atirando pedras pra tudo quanto é lado e ainda é ouvido) que ainda temos Nintendo como a boa e velha Nintendo.

No meio de tanta informação ainda temos outro exemplo tão importante quanto as empresas, franquias e gêneros que são os nossos controladores. 4 gatilhos, 8 a 10 botoões de face (incluindo direcional digital), 2 alavancas (pra que 2 mesmo?) start (legal “press start”), select e opa, inovou, agora temos um tal de “home” aqui no meio de tantas “opções”...

Há muito mais reciclagem do mercado, junto do tradicionalismo dos consumidores (coisa que muitos ignoram) que os MMOs comprovam o quanto o conservadorismo dos públicos aos quais eles acertam é importante. É na tradição que mora a manutenção de certas “coisas”.

O que ninguém entende é o porque disso e só dizem “deu certo? Então façamos igual!” E como algo volátil e instável que são os sentimentos humanos é o repeteco nessa tradição que todas as franquias carregam como estigma, brilho, raiva, glamour, ódio, entre tantos outros adjetivos que existem no nosso vocabulário.


Inovação precisa acontecer enquanto a tradição precisa coexistir com a evolução. Só assim, talvez, possamos entender o mercado como parte de um todo bem complexo que somos nós mesmos.

Ass.: Thiago Sardenberg

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