Parte 1 – Entendendo esse novo jogo
Quando se compra um console novo, se espera que ele tenha títulos no mínimo interessantes para se jogar, correto? Quando esse título te dá a divina oportunidade de ser o próprio criador de conteúdo a proposta pode ser um pouco complexa, no entanto, quando se descobre como esta funciona, a complexidade do trabalho se torna um tanto irrelevante.
Enquanto se descobre como o jogo funciona, no meio do caminho da aventura existia um criador de coisas loucas. Junto dele havia um “saco de coisas boas” que deixava o conteúdo cada vez mais curioso. Dessa interessante fórmula de interação eis que nossos carismáticos personagens “os meninos do saco de pano” ganham muita personalidade e individualidade com suas próprias facetas criativas e mirabolantes. Podendo ser qualquer coisa, desde que tenham uma roupa e um grupo de acessórios, seu personagem pode se tornar uma copia de um ditador marrento até o mais engraçado cosplay disponível na sua biblioteca.
Misture nessa forma de trabalho, um gerente de coisas absurdas, ou seja, o nosso próprio cérebro, e você terá uma fantástica máquina de criação de universos infinitamente maior que sua cabeça já criou nos últimos 30 anos.
No jogo “Little Big Planet” não existe uma história previamente definida, nem complexa, nem um vilão definitivo para os problemas que ocorrerem. O que existe é um grupo de desafios e estágios que os personagens vão passando, liberando novas fases, novas áreas (inclusive secretas), novas opções no lado de dentro do nosso “saco de coisas boas” e um novo universo inteiro se mostra totalmente moldável na sua frente podendo ir desde clássicos da Roma antiga ou idade das pedras, até o mais tecnológico e surpreendente mundo de um futuro.
O grande segredo do jogo e sacada da proposta é justamente a falta de regras. Até porque, só existem 2 delas. 1ª a nossa velha conhecida gravidade. Ela existe, está presente e nos atrapalha bastante (mas tem como se contornar a força que ela exerce sobre nós). 2ª nossa criatividade (a pior parte dessa total falta de regras).
Quando começamos a aventura, não sabemos de nada, somo meros bonecos de saco que se movimentam pelos cenários. Chegando ao final dele, um monitor gigante nos informa o quanto de coisas boas nós colecionamos. Sabemos nossa pontuação e se estivermos no modo online qual a nossa posição com relação ao resto do mundo. Quando completamos essa aventura, com muito ou pouco percentual de itens recolhidos, sobram outras 2 outras opções de trabalho: criar novas fases e sair jogando-as OU jogar as fases que o resto do mundo compartilhou na rede interna do jogo (o que deixara mais de meio mundo bem frustrado).
Assim que entramos no modo online, descobrimos como as outras pessoas criaram suas fases e reparamos num detalhe bem impressionante: existem mais de 8 milhões de fases criadas. SIM, 8 milhões. É fase que não acaba mais. Vai demorar muitos anos até que alguém termine tudo de todas elas. Se jogarmos uma quantidade de 8 horas por dia, precisaríamos de mais de 2 mil anos para jogar todas elas. Nossa, é muita coisa. Quando falam que a criatividade humana é infinita, talvez a resposta esteja nesse pequeno grande planeta digital.
Da mesma forma que descobrimos o modo online e suas mirabolantes fases e expansões de entretenimento (se não for isso não sei o que ele será), sobra apenas uma opção: a criação de fases. E é nesse modo que o jogo mostra todo o seu potencial.
Parte 2 – Descobrindo um gigantesco mundo novo
Criar fases enormes, mundos inteiros, roteiros mirabolantes, desafios mil, é tudo possível. Sua criatividade e capacidade de recriar cenários ou construir do zero seus mundos é genial. Chega a ser tão miraculosa quando assustadora. É quase dar a vida a uma criança sem ter a mãe dela. Basta criar um pequeno desafio para vê-lo se tornar um conjunto de problemas mais cabeludos que possam existir. As opções são tão diversas que chegamos a limites impensados. Como essa é uma brincadeira de crianças, bem crescidinhas, a criação é sua própria limitação.
Com esse “poder” todo em suas mãos um profundo suspiro de alegria e desespero são mero coadjuvantes. Agora, você pode ser quase um “Deus”! Como sabemos que criar as coisas é chato e destruir é mais divertido, para se destruir é preciso construir.
O jogo deixa disponível, logo no inicio do “modo de criação”, diversos tutoriais interativos para serem acompanhados e jogados no decorrer dele. Enquanto novas opções que são abertas, ao final, não vai ser possível fazer muita coisa boas pois as idéias são tantas que travamos sem querer e é nesse ponto que o modo online se torna bem útil e agradável.
Mostrando a interatividade que essa idéia têm, as fases mais simples e diretas ao ponto, ou complexas e chatas que demoram pra começar, está tudo integrado. Onde podemos reviver clássicas fases dos anos 1980 até “coisas” totalmente novas nunca construídas antes, a comunidade mostra que o poder está nas pessoas e não no gerente e isso é muito divertido.
Num mesmo jogo ter fases loucas e divertidas, uma grande e criativa comunidade, com interação e integração de conteúdo é de se esperar que seja uma obra prima da modernidade e mesmo depois de tantos detalhes bons que o jogo tem, ainda assim podem existir defeitos numa obra como esta?
A resposta não poderia ser outra. Para muitos, a obra é perfeita, não tem erros, tem diversidade e inovações importantes para diversos gêneros de jogos e todos eles ao mesmo tempo. Em contra partida, existem detalhes que fazem dela não uma obra prima pura mas uma verdadeira obra de arte digital super moderna e que, junto de tantas “coisas boas”, os defeitos também existem e são ingratos.
Parte 3 – Os inoportunos defeitos de fabricação
O primeiro defeito é o controle. Não é ruim mas usar um esquema de profundidade em 3 camadas onde o jogador se perde de salto em salto é forçar um pouco a barra da coerência. Funciona mas incomoda. Costuma atrapalhar na criação de níveis mas é superável. Num esquema de jogo de plataforma 2D, com cara de clássico, ter essa profundidade é de se estranhar. Mas calma lá, tem motivos de sobra para isso.
Como estamos falando de um modo de criação, os defeitos aparecem na falta de opções que o controlador do vídeo game deixa passar. Invariavelmente, um teclado e mouse de um computador, realmente leva vantagem mas a forma como resolveram essa limitação foi interessante. O que deixa passar mais um defeito. O excesso de idas e voltas em um menu simplificado que apesar de bem estruturado é um artifício para fazer o jogador ficar confuso facilmente perdido. Não é mal feito, pelo contrário, o Popit é genial mas tem suas limitações.
O terceiro defeito sim é o áudio e é o pior desses defeitos. Onde ele acerta, sem duvidas é na variedade. Os sons específicos como os de arrotos ou ruídos dos mais variados são bem engraçados, gerando uma boa combinação se souber misturar alguns deles porém as musicas são terríveis. Pouco variadas, repetidas até a exaustão, e muito monótonas.
No inicio até vai mas depois só cansa. Provavelmente tem novas opções nos DLCs mas não vou me prender a eles. A pior delas é uma musica em espanhol muito chata, que apareceu logo nas fases que representam o Brasil. Mero acaso ou oportunismo para identificar os latinos mas nós não falamos catalão, somos descendentes de portugueses e isso eles não sabem ou não souberam captar na busca por informações. Espero ver melhorias no 2° jogo quando chegar.
O quarto último defeito talvez seja o menos relevante. Pontuação. Coisa de louco. No modo online tem cada pontuação super acentuada que ninguém imagina como se chegou até tal ponto. Quando jogamos outras fases e vamos repetindo-as a variação começa a aparecer e fica mais divertida. Evidente que desconexa mas também é divertida. Não que seja uma coisa boa mas é muito estranha e levemente dispensável num contexto mais generalista.
Parte 4 – Os troféus e seus mimos
No quesito troféus o jogo mostra como o sistema da SONY tem certos mimos que dão realmente um acréscimo de se criar uma obra dessas. Apesar de alguns serem alcançados das formas mais diversas, outros são conseguidos de forma contínua. Só sair jogando e vai conseguindo. A surpresa veio numa fase online que tinham 25 troféus espalhados nela. Uma fase que tinha o nome de Little Big Planet 2 e que estava disponível para o 1° jogo. Sem sentido ou mero oportunismo para se preparar o público para o 2° jogo?
Não só muito curioso como uma proposta bem interessante. A quantidade de troféus conseguidos em uma só vez na fase é que deixou o espanto aparente. Seis deles sem fazer qualquer esforço? Milagre ou sorte? Acho que não fará tanta diferença até o final. Talvez no 2º jogo quando a fase estiver 100% liberada possa gerar alguma diferença.
Com tantas coisas para serem feitas e criadas, o melhor do jogo é guardado no quesito interação. Desde a primeira vez que se liga, logo na abertura, as explicações e influências que o projeto recebeu, são geniais. O “pano de fundo” também. Com uma dublagem portuguesa deixa um ar de “Europa” no jogo, criou-se um gostinho diferente a essa obra. Sem duvida alguma um pontual “capricho” e com suas contradições, divertido e alterável no menu de idiomas do console.
Gera um leve destaque perante o total apresentado. O sotaque europeu vicia o ouvido de tal forma que escutar como as palavras são usadas, pelo narrador, é divertido. Aos brasileiros um leve perdão mas é engraçado ouvir frases como “usa-te o manípulo esquerdo para controlar o seu sack person” ou “prima o botão acção para fazer o seu sack person pular” entre outras mais pontuais. É um detalhe pontual e pode parecer grosseiro mas não deixa de ser diferente.
Parte 5 - Conclusão
Sim, é um jogo “mûderno, influenti, dinãmico, divertdo i dzafiador! Contemporâneo e bunito!” que vale o esforço de se começar e se esforçar para ir até o “fnal”. Para ter na melhor coleção de exclusivos do console e que merece destaque maior ainda na lista de jogo do ano.
Como consegui a essa versão “jogo do ano” com U$ 35,00 doletas a mais de conteúdo específico (pagos pela produtora), a bonificação é para deixar o devido respeito ao jogador sedento por novos desafios e troféus. Perfeito para ser a festa do fim de semana. Em pouco mais de 20 horas é possível completar o jogo inteiro e ainda ter muito conteúdo para ser liberado depois de tal conquista. Boa compra em qualquer época do ano e para a família inteira. “Mais dvertido e dnâmico que um formula 1...”
Ass.: Thiago C. Sardenberg
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