quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Os Cavaleiros do Zodíaco – Batalha do Santuário



Para quem conhece a série clássica sabe que o desenho tem certas particularidades que marcaram gerações. Por ter chegado ao Brasil na metade da década seguinte, tanto por ser uma novidade quanto na questão do desenho e na temática, o jogo, até certo ponto segue o roteiro original. Tirando quase metade da trajetória original dos defensores de Atena, no quesito fidelidade o jogo se mantém fiel a obra, entretanto devido a diversos fatores e eventos da trajetória, o que era para ser uma extensão de conteúdo acaba por ser não só um jogo de luta em 50% dele como 50% pancadaria. Uma mistura equilibrada entre ‘God of War’ mas sem as escadas verticais ou paredes para escalar e um pouco de ‘The King of Fighters’ com golpes espalhafatosos e muitos efeitos visuais.

Gênero

Enquanto se atravessa o caminho das 12 casas do santuário, o jogador passa pela escadaria de acesso a elas e se depara com uma série de inimigos para ir se acostumando aos controles e as mecânicas básicas de pulo, ataques, defesa e golpes especiais.

Com o passar dos inimigos, mais e mais hordas de numerosos oponentes aparecem até chegar aos mais fortes para impedir a progressão. Como não é para ser impedido, servem mais para o jogador se acostumar aos controles e a dificuldade do jogo do que ser impedido de progredir (a proposta do jogo não é ser mais um Dark Souls da vida).


Com isso, temos uma releitura fiel aos jogos da década de 1990 de Beat’em’Up quando um pequeno grupo de personagens deve enfrentar muitos inimigos para seguir adiante no caminho antes de chegar ao chefe da fase. Repetidas vezes até chegar ao final do jogo. Lembra bastante God of War.

Ao chegar na casa da vez, um cavaleiro de ouro espera pelo jogador e nova batalha começa agora com alguém realmente forte. Os golpes aprendidos no trajeto serão úteis e ao vencer o Dourado completa-se o desafio.

Durante 12 caminhos com 12 cavaleiros, mais o caminho até a Sala do Mestre, o caminho do templo de Atena e o próprio templo de Atena, temos um conjunto de mais ou menos 28 fases. A final de cada uma um contador de pontos com Rank aparece, liberando o total e a experiência que foi adquirida na respectiva fase. Ao passar de nível novas habilidades são apresentadas e o jogador poderá distribuir esses pontos por determinadas seções para melhorar os personagens.


Roteiro

No quesito fidelidade o jogo se mantém preso ao roteiro original. Uma ou outra mudança acontece quando personagens tipo Marin e Shina (versão Dark) são apresentadas, alguns cavaleiros de prata (versão original e Dark) também dão as caras e os cavaleiros negros (sempre vilões) também são apresentados. Isso ocorre geralmente no final do corredor de acesso a casa da vez o que estende por pouco tempo a experiência de jogo.

É diferente da obra original mas acrescenta opções de jogabilidade e complementa, de forma pontual, a história original. Mudanças pertinentes a proposta do jogo porém peca no quesito diversidade, faltaram cavaleiros emblemáticos como os outros cavaleiros de Bronze ou os de Prata que são marcantes e não foram contemplados nesse jogo.

Fora os cavaleiros extras, Marinas de Posseidon ou alguns Demônios de Hades, que são desbloqueados em novas partidas e vencendo os desafios extras, esse sim vão dar algum trabalho pra liberar pois é preciso mais esforço.

Na questão dos combates contra os cavaleiros de ouro a maioria segue o que ocorre na obra. Acontecem as cenas de abertura e contexto das casas e os combates são divertidos. Ao terminar deixa aquela sensação de dificuldade elevada em alguns personagens e muita facilidade em outros. Desequilibrado.


O ponto positivo foi ver o caminho de algumas casas remontado contando o que não foi visto no seriado (ponto pro roteiro do jogo) e alguns cortes sem necessidade em outros (como o fênix volta da morte depois casa de peixes enfrentando gêmeos não foi explicado).

A fidelidade é tanta que até no desenho original, só na saga de Posseidon, é revelado como o Dragão volta do céu na batalha de Capricórnio. Nem isso aparece no jogo. Não mostrou como Dragão recupera a visão depois da casa de Cancer e como os cavaleiros de Bronze passaram pelo desafio de Sagitário (não existe no jogo). Falhas pontuais mas seguem o roteiro de forma fidedigna. O final da batalha da casa de virgem também é fiel porém bem menos impactante. O Tesouro do Céu não tem 75% do impacto que teve no seriado apesar de estar lá também.

Sonoplastia

A dublagem original em japonês com as legendas em português do Brasil foi um ótimo trabalho de localização. Para quem esperava dublagem completa, ela não fez falta. É até interessante ouvir as vozes japonesas pois quebra os erros de concordância que a primeira dublagem carregava sem necessidade e só melhora no trabalho mais recente que foi relançado pela Netflix no final de 2019.


Ouvir os nomes dos golpes originais e os diálogos das personagens em japonês, para quem não está acostumado, pode soar estranho, mas tem um ponto curioso... Alguns golpes são muito difíceis de serem falados outros são traduções precisas e literais dos originais.

Alguns personagens, como todo bom jogo japonês, tem seus momentos de gritos histéricos de alguns enquanto em outros sua vós é tão grave e abafada que quase não aparece. Uma falta total de equilíbrio no som.

Ter a abertura do jogo com a música original Pegasus Phantasy, ou algumas das casas sendo apresentadas com as músicas da série clássica foi uma das melhores surpresas do jogo. O fator nostalgia bate forte nessas horas.

Colecionáveis


O jogo é cheio de colecionáveis. Fotos, imagens, personagens desbloqueáveis, golpes e mais golpes... Tem para todos os gostos.

Dividido entre modo história (a campanha) quanto no modo desafios (alguns objetivos para serem realizados em condições específicas para alguns cavaleiros de Bronze) o jogo tem a dificuldade selecionável entre fácil, médio, difícil e muito difícil. Para quem gostar de desafios os níveis mais altos podem agradar, pra mim o mais básico já serve pois só queria ver como é o jogo do início ao fim.

A maioria, se não todos os troféus do modo história, são desbloqueados em 1 partida rápida pois é preciso apensas seguir o caminho para ir desbloqueando-os. São necessárias pouco mais de 7 horas pra zerar o jogo no fácil e mesmo assim pode ser cansativo.

Para quem for caçador de prêmios os troféus de dificuldade elevada podem fazer o jogo demorar lá suas 20 ou 30 horas com uma dose de esforço.

Conclusão


Para quem gosta de jogos de luta tem alguma chance de conseguir jogar porém para quem gostar de Saint Seiya pode se sentir um pouco perdido com tão poucas opções de golpes ou movimentos. Não é um RPG mesmo que tenha elementos do gênero mas tem lá sua qualidade (não peca feio como foi o caso do recente Jump Force).

Serve para agradar fãs de longa data e para quem quer algo diferente, mas nem tanto, de Mortal Kombat, Street Fighters, The King of Fighters ou Tekken. Passe longe se gostar de Soul Calibur pois não é um jogo com mecânicas tão profundas assim. Se tiver apreço por Dragon Ball ou Naruto pode ser o seu jogo de cabeceira.

Peça emprestado ou compre usado não custa o valor de um novo, principalmente no Brasil com o dólar nas alturas.

Até o próximo jogo
Ass.: Thiago Sardenberg



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