domingo, 17 de fevereiro de 2019

God of War - Remaster - PS3

Já faz certo tempo que completei essa aventura e por haver esse pequeno atraso eis que vem mais uma análise...


Ao jogar um clássico da geração passada no PS3 ou PS4 pode ser ao mesmo tempo algo tão prazeroso quanto deprimente. Lembrar duma geração inteira com um de seus jogos refeitos nas seguintes ou é pilantragem da produtora (por já ter o jogo pronto e só fez uma enorme adaptação dessa obra com melhores gráficos e controles mais precisos) ou é a maior falta de criatividade para criar coisas novas. Para que um estúdio se mantenha dentro de um orçamento aceitável sem precisar lançar jogos novos, relançar os antigos, para novas audiências, faz evitar que tais empresas fiquem sem recursos de tempos em tempos.

O que na prática é mais coerente, fazer algo novo e tão grandioso quanto os antigos, acarreta um custo de produção mais alto e inevitável. Enquanto fazer esses relançamentos nas gerações seguintes, a relação com a obra original é um relembrar da criatividade que os estúdios tem por natureza e por trabalharem dentro da indústria criativa, as novas obras precisam se bancar antes mesmo de chegar ao consumidor e independente dos fatores reais de um atraso ou relançamento a verdade é bem simples: jogo bom, novo ou velho, vale tanto no console original quanto no seguinte além de ser uma boa forma de agraciar os jogadores com os novos extras que a geração vigente tem.

Para quem quiser alguns troféus a mais na coleção é uma obra com uma quantidade interessante e facilmente realizável. Para quem desejar a platina vai precisar se esforçar mais do que imagina. E se pensar “agora teremos múltiplos jogadores...” tire o cavalo da chuva, isso não ocorre.

Revivendo a Grécia antiga...


Ser um herói é fácil, basta pegar um jogo qualquer e seguir o roteiro do bom camarada que faz as coisas que pedem e segue em seu caminho até o final da jornada porém ser o herói que vai destronar os deuses antigos da Grécia a coisa muda de patamar.

O pano de fundo do jogo é a mitologia grega e um tal de Kratos é um espartano formado pelas guerras. Por estar sempre em conflito contra as tribos bárbaras de outras terras, os espartanos brigaram muito para defender seu lugar. Porém, um desses desafios obrigou Kratos a fazer um sacrifício, inimaginável, para vencer seus oponentes. Além de ser agraciado com um poder divino, se torna um servo do Olimpo e assim evita a sua mais desonrosa derrota. Ao se aliar a Ares, o deus da guerra, e combater em seu nome por anos, Kratos, infelizmente, não vê seus conflitos internos diminuírem e por só piorarem, mesmo sendo um “assassino dos deuses”, sofre por suas escolhes.

Depois disso, seus pesadelos do passado nunca pararam de o atormentar, e em sua vingança contra Ares, o ponto central do jogo, onde o jogador irá se entreter por algumas horas, ao se completar, Kratos precisaria se sacrificar para enfim se salvar. Entretanto para enterrar de vez seus pesadelos, nem o Olimpo, nem os Deuses, queriam se desfazer de seu novo Deus da Guerra. Ao final Kratos é elevado ao nível de Deus por ter destronado um antigo Deus porém não faz com que seus pesadelos sejam esquecidos.

Mecânicas e jogabilidade

O jogo é uma versão modernizada dos antigos jogos Beat 'em up da geração 16 bits onde havia uma penca de inimigos para derrotar em um corredor onde um combinado de golpes que defendiam, atacavam, agarravam ou jogavam os oponentes para algum canto da tela eram desferidos. Para quem curtiu ‘Street of Rage’ ou ‘Tartarugas Ninjas’ eles só mudaram de 2D para 3D e em vez de alguns personagens para escolher haverá apenas um.


Durante o caminho o jogador irá passar muitas plataformas, caminhos estreitos, corredores, escadas e paredes escaláveis onde encontrará criaturas mitológicas como Hidras, Minotauros, Centauros, Harpias e outros “demônios” que Ares envia para impedir o progresso do espartano, será bem comum.

Como os deuses não podem se matar, coube a deusa Athena, envia uma ultima missão, suicida, a Kratos. Para derrotar Ares ele precisaria encontrar, em um labirinto impossível de sair vivo, a Caixa de Pandora com o poder que poderá ‘matar os Deuses’. Dito e feito Kratos passa por novos perigos até chegar no ultimo titã que guarda o templo onde a caixa se encontra.

Ao derrotar os diversos inimigos do caminho, Kratos recebe umas esferas vermelhas de sangue que serão acumuladas com o passar do jogo. Estas esferas servirão para aumentar as habilidades dele e a capacidade das armas que ele poderá usar. Num determinado momento, novos movimentos são apresentados ao jogador o que o ajuda a vencer inimigos mais rapidamente ou derrubar oponentes mais fortes com um pouco menos de dificuldade. Os movimentos que usam magias aparecem com a dificuldade crescente dos desafios e para não dificultar demais, novas magias vão aparecendo enquanto o jogador se acostuma com as já liberadas.

Tirando os momentos específicos quando estas magias precisarão ser usadas para derrotar alguns inimigos ou ativar alguns botões, para liberar uma passagem mais a frente, o jogo praticamente se vende com uma boa combinação de esquiva, ataques fracos e fortes, e a defesa no tempo certo. Ao final, o desafio mais difícil, foram, realmente, os chefes de fase, quando a quantidade exagerada de inimigos não causava um dano a mais no jogador. Devido a raiva, que esses momentos causam, uma morte por besteira, ou um combinado de botões que não funcionam direito, pode ocorrer enquanto o jogo será somente isso.


Quesitos técnicos e Visuais

O jogo tem um visual impressionante. Tanto pela sua origem no PS2, como na referência visual grega quanto a fidelidade dos cenários, é de espantar. Não atoa que se tornou referência posteriormente e um divisor de águas na produção daquela geração e nas seguintes, provando que o público consumidor havia crescido e não eram mais crianças que apenas jogavam.

No passado o jogo exigiu tanto do hardware do PS2 no quesito técnico que era comum o jogo dar aquelas travadas, o que ocorrem no PS3 porém menos. As telas de carregamento no meio dos cenários também ocorrem. Os gráficos eram impressionantes para a época em compensação, no manual do jogo no PS3, a equipe foi bem generosa ao informar o quanto de ajustes foram feitos nos 2 jogos do pacote pois saíram de 512 X 448 pixels para 720p. Um pequeno salto para uma obrae uma boa forma de salvar uma obra dos fatores do tempo. Com maior tela, melhor placa, melhor mídia, tudo melhora. Então as texturas, os modelos, os movimentos e os detalhes ganharam destaque pois sem eles a obra iria parecer ultrapassada com facilidade.


Dublagem e Sonoplastia

Algo que chamou a atenção, desde o original, foram as vozes na dublagem do jogo. Até então não era tão comum ver um jogo com tal quantidade de diálogos e conversas em áudio, o que foi outro marco para a obra. Existiam outras com dublagem? Sim mas não como God of War fez. Até porque a obra que melhor usou o recurso da dublagem ou foi Metal Gear Solid 1 (no PSX) ou o próprio Metal Gear Solid 2 (já no início da vida do PS2).

Nas músicas a ambientação e sensação de “aventura épica” ocorre com maestria. Já no menu inicial a música encanta e empolga com um gostinho de “guerra” constante. Os efeitos sonoros também são importantes pois cortar inimigos, pular, bufar, atirar com magia, ver os oponentes caírem com dores, cria um clima mais verossímil a realidade da guerra.

Quando as vozes dos atores, nos momentos de tensão, onde a música é mais dramática, ficam evidentes é quando o trabalho original se mostra “bom”. Forçar como o jogador irá reagir aos desafios mostra a tensão que a cena representa entretanto senti muita falta de um opção de legendas que não tem.

Outro ponto importante, pois cria o clima que mantém o jogador preso no controle até o final, é a mudança de tempo do jogo. Não é viagem no tempo, é game play em momentos diferentes da história da personagem. Como a história é contada em 2 períodos diferentes, as músicas refletem esses períodos, uma no presente e outra no passado. Mesmo diferentes também se lembram e ajudam a criar o clima tenso da obra.


Conclusão...

God of War é uma obra adulta. Algo que até então, mesmo na virada entre gerações, ocorria com outros consoles da época. Tanto que FFVII fez com sua história quanto Metal Gear Solid 1 em seu contexto, foram fundamentais, nas suas respectivas épocas, para amadurecer o consumidor e a indústria de vídeo games.

O tempo foi crucial para mostrar como uma determinada geração fez a diferença nas obras apresentadas aos jogadores. Mesmo jogando no PS2 o jogo é incrível, com a evolução pontual e precisa no PS3, só mostrou como o vinho melhora com o passar dos anos. Vale ser jogado ao menos uma vez.

Até o próximo jogo.
Ass.: Thiago Sardenberg

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