domingo, 3 de agosto de 2014

Valiant Hearts – The Great War


A produtora Ubisoft, é conhecida pelas suas boas produções. Oscilando entre os jogos de espionagem, exploração e sobrevivência, a produtora tem se destacado não só pelo bom trabalho sobre suas concorrentes diretas porém pela liberdade de propostas que a própria direção decidiu escolher de uns anos para cá.

Dessa nova postura, os jogadores puderam ver novas produções como o cultuado Beyond Good & Evil (geração PS2), o inovador Assassin’s Creed (geração PS3), Raving Rabbids (os coelhos malucos que invadiram a Terra) e a reinvenção de Rayman como um personagem de qualidade que tem carisma e jogos ao mesmo nível de Super Mario 2D ou Sonic de Mega Drive. Realmente, uma quantidade de jogos expressivos com qualidade indiscutível.


1 -> Onde tudo começa

Dessa ponta com o início da história do vídeo game caseiro, eis que veio a ideia de um jogo com temática tradicional, o 2D, sobre a 1ª Guerra Mundial. Como o lançamento dele seria no ano de 2014, para “comemorar” o ano do centenário desse histórico conflito Europeu, foi uma oportunidade para se contar um belo romance sobre alguns personagens que encaram a guerra de formas bem distintas das contadas nos livros didáticos ou de época.

Os personagens tem em suas habilidades o fator da mecânica de jogo, enquanto contam suas participações na guerra, cada personagem tem seu fator narrativo no jogo de forma distinta. Nenhum deles fica sem ter suas fases, o jogo só progride quando a fase anterior é terminada. Dessa forma, cada personagem aparece num determinado momento enquanto em outros momentos alguns deles aparecem juntos. O fator que junta todos eles são: a guerra em si e o cachorro que os acompanha o tempo todo.


2 -> Marketing e divulgação

No início da divulgação da nova IP (propriedade intelectual) a UbiSoft evitou falar muito sobre ele. Lançava de tempos em tempos algumas poucas imagens ou informações não tão importantes sobre o enredo, roteiro, direção de arte ou qualquer detalhe sobre essa nova ideia. Isso deixava os fãs da empresa empolgados com as possibilidades da nova proposta.

Com poucas notícias sobre o jogo, o Hype se fez sozinho com o pouco, porém constante, frenezi dos consumidores e fãs de longa data.

Sendo um jogo tradicional, seu orçamento já era limitado e pequeno, sem ter aquela verba generosa de marketing para gerar o retorno esperado porém, ele também foi pensado para ser comprado via distribuição digital. Isso sozinho evita um enorme custo de produção com mídias, caixas, manuais e outras traquitanas que os jogos em caixa tem. Reduzindo seu preço final, sua grande “manobra” de vendas foi o próprio frenezi dos fãs.


3 -> Mecânica de jogo

Mesmo tendo sito uma boa adaptação de outras mecânicas, presentes nos mais diversos jogos 2D do mercado, a maneira como ele foi montado gera um agradável sistema de quebra cabeças divertido e não entediante. Junte a isso, alguns colecionáveis que podem ser coletados em todas as fases, eles variam entre 03 até 05. Esses colecionáveis não são difíceis de serem arrumados porém são chatos para serem completados em todas as fases. Isso demandará um tempinho maior que o esperado para os mais eufóricos por conquistas.

Não são tantos os troféus para quem está procurando algo grande porém alguns não são complexos porque a proposta do jogo não é ser difícil.

Algumas fases são mais cabeludas que outras. Algumas a quantidade de mortes por bobeira estará beirando as clássicas mortes por descuido do jogo Limbo. Ou o jogador presta muita atenção ou um bomba irá te derrubar e o fará recomeçar do ultimo auto save. Apesar de ser irritante, não é em todas as fases.

As partes de interação, com o cachorro, acontecem em quase em todas as fases. Talvez uns 75%, ou mais do jogo, tenham quebra-cabeças com a presença do seu companheiro canino. É com ele que as mudanças de personagens acontecem. Novas salas são abertas ou um conjunto de alavancas e canos de agua são usados para resolver algum problema da fase em curso.


Uma forma de jogar com mais de um personagem foi que todos eles precisam do cachorro em algum momento e os comandos para controla-lo é praticamente o mesmo.

Os controles do teclado (nem mouse nem WASD são usados no jogo), do 360 e do PS3 no pc respondem bem. Talvez a pior parte tenha sido configurar o controle do PS3 no pc porque de fabrica o pc não tem esse recurso e isso tenha dado um certo trabalho. Uma pena que esses comandos não sejam livres e tenham a imposição de fabrica como padrão. Entretanto, não usar o WASD foi uma maravilha pois é um jogo voltado ao público antigo de PCs e nisso eu concordo, as setinhas existem para isso e foram usadas para o que se propõe, controlar...

No final de cada capítulo, obvio, um chefe chato e pentelho onde um leve descuido pode causar um reinicio da fase. Com poucos capítulos (apenas 04 deles) e no ultimo não temos um chefe, o jogo deixa margem para que em novas propostas, outros chefes possam ser criados e usados para dividir melhor o conteúdo do jogo porém, poderão bater com os clássicos do Super Nintendo ou da Sega na década de 1990. Nesse ponto, o pouco foi uma boa escolha.


4 -> Áudio

No quesito músicas elas se repetem ha de eterno. Não são ruins porém enjoam com o tempo. São poucas as que realmente valem ser ouvidas. No quesito efeitos sonoros o patamar se eleva e a mistura dos elementos de pegadas, bombas e explosões, tiros e socos, corte de cercas, vagões empurrados, cachorro latindo, são os elementos que fazem a imersão ser fabulosa. Muito bem aproveitada nos mínimos detalhes.

Em algumas fases o silêncio é quase estridente em outras as explosões dão o tom e o drama ao desafio da fase vigente. Apesar do jogo não ter dublagem dos personagens apenas os “falsos” barulhos de fala que são sons irreconhecíveis aparentam ser de algumas palavras bem conhecidas. Como é uma questão de entender a língua, os personagens não falam mesmo. Todas as mensagens são escritas ou em formato de desenhos e ícones gráficos.

No quesito narrador, a linguagem que escolhi para jogar foi o inglês. No Brasil existe a opção de colocar áudio e legendas em português, como joguei uma versão estrangeira, não sei como a dublagem ficou porém a inglesa ficou agradável. Com vocabulário simples e repleto de referências históricas, o narrador não misturou as linguagem coloquial e se manteve na função de apenas contar os fatos, como um professor ou contador de histórias.

Capa do CD de audio da trilha sonora do jogo.

5 -> Artes e gráficos

Todas as imagens, cenários, roupas, foram bem trabalhadas. Lembraram um bom livro de época. Oscilando entre uma “história em quadrinhos” moderna e um “desenho animado clássico” e bem trabalhado. Uma nova obra de arte que agrada no primeiro contato.

Não escondem as influências do estilo gráfico empregado. Se baseando nas obras desenvolvidas pelo autor de “Tin Tin” ou das aventuras de “Asterix e Obelix” (ambos os desenhos são franceses e do século XX) Valiant Herts explora as referências como ponto de partida para se destacar dos atuais super realistas jogos 3D presentes no mercado.

Pela proposta de jogo ser diferente e menos modernosa, explora o que existe descrito nos livros, catálogos, e álbuns de época. Não é para ser uma obra contemporânea dos nossos tempos de hoje e sim para se contar parte do conflito que completa 100 anos em 2014.

Um belo trabalho de pesquisa e de construção de objetos que numa palheta simplificada satisfaz o trabalho e aos olhos dos jogadores. Tem todas as cores que estamos acostumados a ver na natureza porém, devido ao fator época, ela é limitada propositalmente para acentuar o quesito história presente no jogo.

6 -> Narrativa


O narrador trabalha como um contador de histórias de época. Mostrando pontos importantes do roteiro e deixando o jogador entender outras questões com o passar das fases. Alguns jogadores mais apressados vão levar um susto pela lentidão presente desde o início.

Como dito: os personagens não tem dublagem mas oscilam entre os pontos expressivos da narrativa e o involuntário que os jogadores precisarão passar para completar as fases.

Em poucas horas, talvez umas 12 ou 15 horas, seja o bastante para se chegar ao final que deixa em aberto uma possibilidade de continuação para uma possível outra forma de contar sobre a 1ª Guerra ou para gerar uma nova franquia sobre os conflitos de época.


7 -> Veredicto

Um belo romance sobre a 1ª Grande Guerra Mundial! Com uma história bem contada e estruturada onde os desafios não são tão complexos, faz uma agradável mistura de artes com animações tradicionais muito bem acabadas. Oscila entre o monótono e o dinâmica devido suas fases extremamente lineares porém essa é a graça do jogo, ir direto ao ponto. Algumas fases mais chatas enquanto outros são realmente difíceis, atinge a uma boa parcela do público com sua forma de mostrar os fatos. Recomendado pelo conjunto inteiro.

Ass.: Thiago Sardenberg

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