quarta-feira, 30 de julho de 2014

Vida de designer: trabalhos e “jobs” com o tio Photoshop!

O cliente geralmente não entende que o Photoshop não é um gerador automático de resoluções mirabolantes para os problemas dele. Ante desse famigerado fato ser descoberto, levei muita coça do Photoshop antes de saber usá-lo direito. Como se fazer alguns trabalhos então, foi pior ainda. Depois de um bom tempo, o usando, você se acostuma a manipular a ferramenta da forma certa, porém, ela sempre te fará uma surpresa para te deixar irritado.



Apesar dessa demora, nos primeiros dias ela é uma meleca pra aprender direito. Excesso de coisas, palhetas, canais de cores, camadas, barra de ferramentas, menus e mais menus (os escondidos então são terríveis) e depois, enfim, melhora. Apesar de melhorar bastante já tinha levado o susto inicial com essa coisa medonha.

Passam-se anos aprendendo a trabalhar nela e vem uma alteração de ultima hora. Saiu nova versão, mudou de computador, ficou tudo mais “moderno” e você, caro usuário, continua a usar aquela versão velha de 3 ou 4 anos atrás. Funciona? Sem duvida! Mas existem coisas novas.

evolução da barra de ferramentas do photoshop através dos anos.

Aí vem a proposta de trabalho de um cliente que você não tem noção nenhuma de como resolver essa parada e leva uma nova e fenomenal surra astronômica do programa.

Você se esforça horrores pra resolver os problemas egocêntricos do seu cliente e acaba por fazer um trabalho tosco e tenebroso e que, por sorte, o cliente gosta e te paga mal. Apesar de ser um pagamento certo (e felizmente em dia) pagou pouco devido não saber como foi o seu esforço. No final, ele gosta. Fica com aquele sorriso divino de orelha a orelha e sai feliz com o trabalho em mãos.

Naquela semana, felizmente, um pepino a menos pra resolver, faltam outros tantos. E já estamos na quinta feira, depois das 4 da tarde. O escritório fecha as 5 e tem trabalho pra continuar e cliente pra atender.

O telefone toca, o trabalho para, cliente chega pedindo alterações e o programa, sem fazer esforço nenhum, fecha no meio de um trabalho com 100 camadas de artes. O mal configurado “salvamento automático” dele não funcionou dessa vez. A luz oscilou e as pessoas do lado de fora gritaram “A luz acabou!” ferrou, o trabalho vazou...

O seu nível de nervosismo, que já não era pequeno, se torna ainda pior quando o seu trabalho de dois meses escorre pelos seus dedos devido a luz não ficar estável. O dia que já tinha começado chuvoso se tornou ainda pior... e sua cara de “me deixa, estou P... da vida” fica bem evidente. Cliente não entende que vai demorar pra resolver o trabalho dele.



O dia termina e dia seguinte é feriado. Ficar até mais tarde na cama pra poder aproveitar melhor o dia extra de folga? Nada! Feriado é o dia mais conhecido para colocar os famigerados “Jobs” em dia pra atender outros clientes mas aquele de ontem, com o trabalho de dois meses, tem prioridade.

Sua família não entende. Seus amigos não entendem. Sua namorada não entende. Ninguém te entende! Só os companheiros de trabalho sabem como isso é importante. E seu feriado, que deveria começar algumas horas mais tarde, começa quando o despertador toca! São 9 da manhã e nem aparenta. Dia nublado de novo! Com tudo fechado.

E lá se foi mais uma manhã de “trabalho”. Os clientes de outras cidades não entendem que você está de folga mas eles querem o trabalho deles prontos. E para hoje! “Sabe o que é hoje? Então, é pra hoje!” Estudos? Pra que? Vai trabalhar! E lá se vai outra parte do seu bem vindo (e mal usado) “feriado”...

Sua família não te entende

O fim de semana chega e, enfim, você terá um dia de folga mas lembra da sua vida social e do aniversario daquele amigo que tanto te ajuda e consola. A namorada te chama pra sair e você fica naquela sinuca de bico “qual dos três?”, “três?”, o cliente, está esperando o “job” dele. “De novo?” É, meu caro, de novo!

Uma semana depois você descobre a droga de um site que tinha um tutorial maravilhosamente bem explicado da ferramenta extra que o programa tinha e que te faria perder 75% menos tempo caso soubesse desse recurso 10 dias antes.

Você realmente pode ser um novato no programa caso não saiba usar certas coisas quando o seu nível de felicidade é evidente e estupendo. Você fica pulando feito um coelho quando descore, por tabela, que metade do esforço feito era por conta da interface desagradável que o programa tem e que a cada nova versão os fabricantes melhoram 5% delas e pioram 50% das outras que você costumava usar.

e alguém está precisando de umas lições de ergonomia...

É, essa é a vida de um criador cultural digital. Algumas horas ela costuma ser uma maravilha em outras é quase uma caixa de Pandora. Só faltava acabar com a pouca esperança que lhe sobra quando o feriado termina de forma muito rápida.

E amanhã, segunda feira, tem mais. Todos os outros trabalhos da semana anterior, que não foram resolvidos, e mais os que ainda virão, estão a tua espera... “Quem lhe falou que vida de designer era fácil?” melhor ir acordando pra vida antes que os clientes te tirem dela...

Ass.: Thiago Sardenberg

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